Folhapress
Muita gente não via a hora de o jogo entre a seleção brasileira e o Paraguai acabar no fim da noite desta terça-feira (8). O motivo era o prometido manifesto dos jogadores contra a Copa América no Brasil. Com a publicação do protesto nas redes sociais, a revolta dos atletas com a realização da competição no Brasil deu lugar a um texto de tom mais brando, que nega qualquer tipo de ação política por parte do grupo. A nota também não cita em nenhum momento a pandemia de Covid-19, apesar de falar em "razões humanitárias".
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"Quando nasce um brasileiro, nasce um torcedor. E para os mais de 200 milhões de torcedores escrevemos essa carta para expor nossa opinião quanto a realização da Copa América", assim começa o manifesto.
Sem citar qualquer tipo de movimentação política por parte do governo brasileiro ou a própria CBF, os atletas preferiram direcionar suas críticas à confederação sul-americana de futebol. "Por diversas razões, sejam elas humanitárias ou de cunho profissional, estamos insatisfeitos com a condução da Copa América pela Conmebol, fosse ela sediada tardiamente no Chile ou mesmo no Brasil." "Todos os fatos recentes nos levam a acreditar em um processo inadequado em sua realização", diz outro trecho do comunicado.
A publicação também não menciona o fato de o governo federal garantir a Copa América no Brasil após desistências de Argentina e Colômbia. "É importante frisar que em nenhum momento quisemos tornar essa discussão política. Somos conscientes da importância da nossa posição, acompanhamos o que é veiculado pela mídia e estamos presentes nas redes sociais. Nos manifestamos, também, para evitar que mais notícias falsas envolvendo nossos nomes circulem à revelia dos fatos verdadeiros." "Por fim, lembramos que somos trabalhadores, profissionais do futebol. Temos uma missão a cumprir com a histórica camisa verde amarela pentacampeã do mundo. Somos contra a organização da Copa América, mas nunca diremos não à Seleção Brasileira."
Conforme a Folha revelou nesta terça, o texto foi construído após reuniões entre os 24 convocados por Tite e membros da comissão técnica. A definição das palavras a serem usadas e da mensagem exata ficou a cargo de Neymar, Casemiro e Marquinhos, líderes do elenco.
A Copa América começa no próximo domingo (13), com confrontos entre dez seleções, nas cidades de Brasília, Cuiabá, Goiânia e Rio de Janeiro. O torneio terá sua abertura no estádio Mané Garrincha, em Brasília, e será concluído no Maracanã, no Rio de Janeiro. Não haverá presença de torcedores nos estádios.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) diz ter colocado o país à disposição da Conmebol após um pedido da CBF, no último dia 31. Na sexta (4), horas após ter sido denunciado por uma funcionária da CBF por assédio moral e sexual, o ainda presidente Caboclo (afastado do cargo dois dias depois) foi ao vestiário da seleção cobrar explicações do grupo sobre um possível boicote à Copa América. A relação entre o dirigente e os jogadores, então, degringolou de vez.
Após o afastamento de Caboclo por 30 dias, a princípio para que ele se defenda das acusações de assédio moral e sexual, o elenco decidiu jogar a Copa América.
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