Irmãos de 6 anos e 9 anos saltam de prédio durante visita do Conselho Tutelar

Publicado em 21/07/2023, às 17h08
Reprodução / EPTV -

Danielle Castro / Folhapress

Uma abordagem do Conselho Tutelar em Ribeirão Preto (a 313 km da capital paulista) nesta quinta-feira (20) acabou com dois irmãos, um de seis anos e outro de nove, saltando de um edifício de dois andares e caindo de uma altura de três metros. O mais novo fraturou o pé e precisou passar por cirurgia nesta sexta (21).

LEIA TAMBÉM

Em depoimento na quinta-feira (20) à Polícia Civil, a mãe contou que não tinha com quem deixar os filhos nas férias e que buscou ajuda, em maio deste ano, no conselho para matriculá-los em uma escola de período integral, mas, até agora, nada havia sido feito.

À polícia, ela disse que saiu às 8h30 para trabalhar e deixou o café da manhã para os dois. Ela voltaria para dar o almoço e ver como estavam. Também passou o contato de uma vizinha que a ajuda no período de aulas, encaminhando as crianças para a escola e as recebendo quando chegam.

Ela disse que, depois que os filhos caíram do prédio, foi acionada pelo próprio condomínio, por telefone, e não pelo conselho. Ao chegar em casa, encontrou os filhos na ambulância e não teria recebido informações da conselheira sobre como os fatos aconteceram, apenas de que havia denúncia de maus-tratos.

A mãe disse à polícia acreditar que os meninos pularam por medo da situação e de serem levados para a casa do pai, com quem não desejariam morar.

Segundo o advogado dela, Vanderley Caixe Filho, que ainda não conversou com as crianças, o menino mais velho está na casa de uma tia, o mais novo, no hospital e a mãe, em um lugar seguro por causa da repercussão do caso.

Caixe afirmou que desconhece as acusações contra a mãe, já que o relatório da Polícia Civil sobre o caso não foi finalizado. O material será enviado ao Ministério Público, que decidirá se a denúncia será levada adiante com uma acusação formal contra a mãe.

"Eram duas crianças dentro do apartamento, imagino que [a denúncia] tenha sido por algum barulho. Mas outra questão difícil é saber por que elas pularam da janela. Estavam conversando com a conselheira pela porta e, de repente, elas pulam. O que foi dito que as assustou?", questionou Caixe.

SEM RECURSOS - O advogado disse que a cabeleireira não tinha condições de pagar alguém ou um lugar para deixar os filhos e que inúmeras mães do país sem rede de apoio, como a cliente dele, passam pela mesma situação, especialmente em época de férias escolares. Ele reforçou que a cliente havia buscado ajuda do mesmo conselho.

Os conselheiros foram acionados de forma anônima por vizinhos, que informaram que as crianças estavam sozinhas no apartamento durante as férias. A ação investigava denúncia de maus-tratos, violência doméstica e cárcere privado.

A reportagem tentou contato, por meio de mensagens e telefonemas, com a conselheira responsável pela abordagem, mas não conseguiu resposta. Também procurou o Conselho Tutelar, porém foi encaminhada para um número de telefone que não atende. O pai das crianças não foi localizado.

As crianças foram socorridas pelo Corpo de Bombeiros e pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e encaminhados à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Leste.

A Secretaria de Segurança Pública afirmou, por meio de nota, que a Polícia Civil abriu inquérito para apurar o caso, registrado como maus-tratos e abandono de incapaz na DDM (Delegacia de Defesa da Mulher).

Gostou? Compartilhe

LEIA MAIS

“Não fui malandro”, diz Sergio Mallandro ao relatar assalto em SP Jogador do Bragantino respira sem aparelhos em períodos do dia Influenciadores disparam rojões contra mata no Rio e devastam 45 mil m² Aluno fica cego após brincadeira com barra de ferro em escola