João Victor Souza
O "Caso Mônica", nome dado para a investigação do feminicídio ocorrido no município de São José da Tapera, no Sertão alagoano, teve um avanço importante nesta semana com a localização e a prisão do ex-esposo da vítima, Leandro Pinheiro Barros, na Bolívia, quase 300 dias depois do crime. A morte de Mônica Cristina Gomes Cavalcante Alves, que tinha 26 anos de idade, causou grande comoção e chocou o estado em junho do ano passado. Com a captura do feminicida, a família da jovem afirmou que uma página foi virada, mesmo que ela não traga Mônica de volta, e espera que Leandro seja julgado e condenado pela Justiça.
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Em contato com o TNH1, na manhã desta sexta (5), Maria Eduarda Cavalcante, irmã da vítima, afirmou que os familiares estão com sentimento de alívio, pois o feminicídio estava prestes a completar 10 meses e o paradeiro de Leandro ainda era desconhecido. Porém, a dor da perda não faz com que haja comemoração nesse momento. "Não é um sentimento de alegria, porque a Mônica não volta mais. A dor vai ser eterna. Mas é um sentimento de alívio, de menos angústia, porque estávamos nesses últimos 10 meses convivendo com o assassino da minha irmã à solta, foragido", iniciou.
"Revolta a gente saber que ele justificou falando que estava bêbado, porque isso não justifica nada e também sabemos que a versão de ele estar embriagado não muda nada sobre o que ele fez com a minha irmã durante todo o relacionamento. Ele não matou ela no dia 18 de junho de 2023, ele a matou há 10 anos, quando infelizmente ela o escolheu acreditando que ele seria o príncipe encantado dela, o príncipe que ele fingiu ser", continuou.
Mônica Cavalcante foi morta em via pública em São José de Tapera (Crédito: Arquivo Pessoal) |
Maria Eduarda destacou que Mônica foi vítima de agressões por anos, mas escondia da família. "Minha irmã sofreu muitos abusos durante todo esse tempo, foi abuso psicológico, físico, moral... Ele ainda a traía com outras mulheres, na própria cidade, e ela ficava sabendo. Para nós da família, ela nunca relatava as violências que sofria, mas já reclamava das traições. Ela já tentou sair de casa, sair com as roupas dela, mas sempre voltava porque era ameaçada por ele", disse.
Ao ser indagada sobre o novo relacionamento de Leandro, que já estava com outra mulher na Bolívia, a irmã de Mônica explicou que a família ficou surpresa com a atitude de ele tentar reconstruir a vida dele em tão pouco tempo. "Não causou surpresa o fato de ele estar em outro relacionamento, porque ele já tinha esse histórico de traição, de envolvimento com outras mulheres. O que causou surpresa para nós foi o comportamento dele de já fazer uma nova vida tão rápido, porque foi como se ele matou um passarinho e foi seguir a vida em outro lugar. Ele foi embora, deixou os filhos e foi fazer a vida dele como se nada tivesse acontecido. Sem dor nenhuma".
Leandro foi preso na Bolívia quase 300 dias depois do feminicídio (Crédito: Divulgação/Polícia Civil de Alagoas) |
Ao lembrar dos sobrinhos, Maria Eduarda contou que eles ainda perguntam por Mônica, e o mais velho, que presenciou as agressões contra a mãe, entende mais sobre o que aconteceu com ela. "Estou com a guarda dos meus sobrinhos, eles moram comigo. A Mônica deixou um filho de nove anos, que é autista, e uma filha de 4 anos. O menino entende mais o que aconteceu, ele presenciou muitas situações entre os pais, ele sabe o quanto ela sofria. Hoje eles ainda falam e perguntam da mãe".
Por fim, a irmã da jovem declarou que todos da família esperam que a Justiça condene o acusado com pena máxima. "Queremos que a Justiça seja feita, queremos a pena máxima, a pena justa. Que ele pague por todo o sofrimento que causou a minha irmã e a todos os familiares".
Mônica Cavalcante era constantemente vítima de abusos cometidos pelo marido (Crédito: Arquivo Pessoal) |
O crime - A morte de Mônica Cavalcante repercutiu em Alagoas, tanto pela crueldade do criminoso, ao atirar na vítima em via pública, quanto pelo relato dos abusos feito pela mulher momentos antes de morrer, através de um vídeo compartilhado na internet.
De acordo com as investigações, no dia do feminicídio, Leandro e Mônica estavam em uma festa, e o assassinato aconteceu após uma suposta discussão entre o autor e a vítima. Leandro teria retornado para a residência onde o casal vivia, buscado uma arma de fogo e depois assassinado Mônica em via pública.
Além de ter sido indiciado pela Polícia Civil, Leandro já foi denunciado pelo Ministério Público de Alagoas. O juiz Leandro Folly, titular da Comarca de São José da Tapera, também decretou a prisão preventiva dele.
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