Irã ataca Israel com cerca de 200 mísseis; Tel Aviv promete vingança

Publicado em 01/10/2024, às 19h02
O Irã atacou Israel pela segunda vez em sua história nesta terça-feira (1º) com duas salvas de mísseis contra o Estado judeu, que prometeu uma dura retaliação devido à ação | Reprodução / CNN -

Igor Gielow / Folhapress

O Irã atacou Israel pela segunda vez em sua história nesta terça-feira (1º) com duas salvas de mísseis contra o Estado judeu, que prometeu uma dura retaliação devido à ação.

LEIA TAMBÉM

O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, disse que ação é "apenas parte de nossa capacidade", instando Israel a "não entrar em confronto com o Irã", sugerindo assim que o ataque foi apenas uma resposta à pressão doméstica devido à brutal operação de Tel Aviv contra o principal peão de Teerã na região, o Hezbollah libanês.

Já Israel prometeu uma resposta. "Estamos em alerta máximo na defesa e na ofensiva, protegeremos os cidadãos de Israel. Este ataque terá consequências. Temos planos e agiremos no tempo e no lugar que escolhermos", afirmou o porta-voz militar Daniel Hagari.

Foram empregados de 180 a 200 mísseis, pela velocidade nos céus alguns modelos de cruzeiro, mais lentos. A grande maioria foi abatida, mas houve bastante tensão nas principais cidades do país.

O roteiro se assemelha ao do ataque de abril, quando os aiatolás se vingaram da morte de generais em Damasco. Novamente, a defesa israelense funcionou, com apoio externo —mísseis foram derrubados sobre a Jordânia e por destróieres americanos no mar Vermelho.

O escopo do ataque foi menor também. Naquela ocasião, foram 330 mísseis e drones. Agora, houve uma morte até aqui, não sem ironia de um morador de Gaza que vive perto de Jericó, na Cisjordânia. Ali, os iranianos miraram assentamos judaicos, e os sistemas de defesa israelenses abaterem mísseis, mas nada podem fazer contra destroços.

A Folha de S.Paulo testemunhou a primeira onda de ataque do portão de Jaffa, uma das entradas da Cidade Velha de Jerusalém. Pelo seu caráter sagrado para muçulmanos, judeus e cristãos, usualmente não há a expectativa de que o local seja alvejado por mísseis.

As sirenes locais soaram por volta das 19h40 (13h40 em Brasília), junto com alertas de aplicativos de celular. No céu, os mísseis que se dirigiam a oeste, para Tel Aviv, eram perseguidos pelos rápidos interceptadores do sistema Domo de Ferro. Houve ao menos 15 grandes explosões, e foi possível ver mais de 40 projéteis no céu, voando como num enxame.

Passados nove minutos, as sirenes cessaram, só para serem reativadas às 20h26. Logo depois, a vida retomou o ritmo, mas com cautela: o usualmente agitado centro de Jerusalém calou-se após a ação dupla.

Há motivos extra para isso: em Jaffa, ao lado de Tel Aviv, seis pessoas morreram pouco antes da ação iraniana em um ataque promovido por dois árabes contra judeus.

Com a disrupção em nível baixo, incluindo com o espaço aéreo sendo reaberto rapidamente tanto em Israel como na Jordânia, a dúvida que fica é se o Irã jogou para sua plateia desde que Israel decidiu que não toleraria mais os ataques do Hezbollah em favor dos aliados do Hamas, o grupo terrorista palestino cujo ataque ao Estado judeu há quase um ano gerou a anomia na região.

Os Estados Unidos são chave na equação. Fiadores de Israel, os americanos haviam alertado durante a tarde que o ataque era iminente. Agora, ficaram ao lado de Tel Aviv. "Nós alertamos que as consequências seriam severas", disse o assessor de Segurança Nacional de Joe Biden, Jake Sullivan.

Desde que um ataque atribuído a Israel matou o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã no dia 31 de julho, a ação iraniana era esperada. Sua demora passava pelo temor da tréplica israelo-americana, que poderá chegar à instalações do precioso programa nuclear do país.

A tensão geral aumentou bastante com os ataques das últimas duas semanas, que mataram até o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em um humilhante golpe contra o Irã. Na segunda (30), o pacote ficou completo com as primeiras incursões terrestres de Israel contra o sul do Líbano, base de lançamento dos foguetes e mísseis dos extremistas.

Logo depois do ataque, a Guarda Revolucionária iraniana disse que dará uma resposta "mais esmagadora e arrasadora" caso Israel responda. "Se o regime sionista reagir às operações iranianas, enfrentará ataques devastadores", afirmou em comunicado.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, condenou a "ampliação do conflito no Oriente Médio, com escalada após escalada". "Isso precisa parar. Precisamos absolutamente de um cessar-fogo," disse.

Biden, por sua vez afirmou que "os EUA estão preparados para ajudar Israel a se defender contra esses ataques e proteger funcionários americanos na região".

A dissuasão pela presenças de dois grupos de porta-aviões dos EUA e vários outros reforços no Oriente Médio tem sido central para que Israel aja de forma quase livre em sua campanha militar atual.

Gostou? Compartilhe

LEIA MAIS

Professora de escola morre de raiva após ser mordida por morcego em sala de aula TikToker de 31 anos que estava desaparecido há 10 dias é encontrado morto em floresta nos EUA Quatro aviões colidem na pista do aeroporto de Boston e provocam caos; assista Noiva encontrada morta horas após postar fotos da lua de mel tinha ingerido drogas psicoativas