João Arthur Sampaio
A influenciadora digital Adriana Ventura usou as redes sociais para denunciar ter sido vítima de assédio sexual em um bar na Jatiúca, parte baixa de Maceió. O caso aconteceu na noite do último domingo (19) e foi compartilhado por ela nos perfis oficiais no X (antigo Twitter) e no Instagram nessa segunda-feira (20).
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Segundo o relato da vítima, ela estava em um pagode no local, quando, na frente de todo mundo, um homem homem se sentiu à vontade para colocar a mão dentro do shorts enquanto olhava para ela, usando um pirulito para estimular as partes íntimas e se insinuando, além de convidá-la para "dançar um samba com ele".
Adriana contou que o músico da banda que estava tocando percebeu a reação dela e alertou o homem com um gesto negativo. “Como se a questão fosse apenas eu aceitar ou não a ‘dança’. Como se essa fosse uma possibilidade plausível”, relatou.
“O mais perturbador, além do assédio e da importunação sexual explícita, foi a complacência das pessoas que presenciaram a situação. Uma mulher loira, que estava sentada à mesa, provavelmente conhecida dele, gargalhava junto a outro homem. Eu, incrédula, ainda tentava entender o que estava acontecendo. Como mulher, decidi abordá-la na inocência que pudesse me ajudar com aquela situação ainda sem perceber que sua conivência não me validava, mas a ele. ‘Eu só vi ele te chamando para dançar’, ela alegou, compactuando com a situação. Afinal, apenas um convite para dançar justificaria risadas tão intensas?”, detalhou.
A influencer disse que chamou o gerente e os responsáveis pelo estabelecimento para comunicar o ocorrido. Uma viatura teria sido acionada por eles, mas não compareceu ao local. Enquanto isso, o suposto assediador teria passado por ela a caminho de outro bar e a mulher que estava com ele parecia ter avisado da situação. Os dois teriam sumido.
O responsável pelo bar informou que iria disponibilizar as imagens para colaborar na investigação do caso. No entanto, Adriana alegou que não recebeu contato para o envio do vídeo da câmera de segurança. Ela disse que iria registrar um boletim de ocorrência por assédio e importunação.
“Não posso esperar apoio do estabelecimento, pelo visto, uma vez que parecem estar alinhados com ele, como muitas pessoas me relataram. Recebi de diversas pessoas informações sobre o assediador. Também chegaram até mim relatos de outras mulheres sobre episódios de assédio, importunação e até mesmo abuso envolvendo a mesma pessoa. Tudo indica que esses comportamentos são recorrentes e até normalizados por parte dele”, lamentou.
“Ainda me pergunto: o que fez esse homem se sentir tão confortável para ter esse tipo de postura comigo, mulher negra, em público, diante de tantas pessoas? Estou indignada. Senti-me completamente desrespeitada. E ainda mais pela complacência de quem presenciou. Uma mulher”.
Me sinto violentada. Desrespeitada. Me sinto impotente, escreveu Adriana no Instagram.
O que diz o bar
Em nota oficial, divulgada nesta terça-feira (21), o bar lamentou o ocorrido e repudiou todo e qualquer tipo de assédio ou preconceito, independentemente de sua natureza. Além disso, a empresa alegou que prestou total apoio à cliente e se colocou à disposição das autoridades. Confira na íntegra abaixo:
"Nota de Esclarecimento e Repúdio
O Conversa Botequim vem a público lamentar profundamente o ocorrido e reiterar que repudiamos veementemente todo e qualquer tipo de assédio ou preconceito, independentemente de sua natureza. Reafirmamos nosso compromisso com a segurança, o respeito e a dignidade de todas as pessoas que frequentam nosso estabelecimento.
Desde o primeiro momento, prestamos total apoio à cliente envolvida e seguimos à disposição tanto dela quanto das autoridades competentes.
Há 12 anos atuamos em nossa cidade, sempre guiados por valores como respeito, inclusão, segurança e bem-estar. Reafirmamos nosso compromisso de manter um ambiente acolhedor, seguro e igualitário para todos, e seguimos empenhados em aprimorar constantemente nossas práticas para que episódios como este nunca se repitam.
Conversa Botequim"
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