Revista Crescer
A influenciadora digital Amanda Tereza Vicente da Silva Yamashita, 23, que mora em Ota-Shi, no Japão, estava cansada de ouvir que, por ter uma estrutura física baixa, aparentava ser uma criança e decidiu fazer um desabafo nas redes sociais. Ela gravou um vídeo usando pijama junto com seu filho, Yuusuke, 2. "POV [ponto de vista]: sempre acham que você tem 12 anos e que é irmã do seu filho", escreveu ela. O clipe viralizou, alcançando mais de 42 milhões de visualizações, 1,3 milhões de curtidas e 12 mil comentários no Instagram.
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Muitos internautas ficaram chocadas ao saberem que ela é mãe e outros até criticaram o estilo dela. Mas, vários também saíram em defesa de Amanda. "Agora a mulher não pode vestir o que ela gosta por conta do biotipo e 'o que fulaninho da internet vai pensar?'", argumentou um usuário. "Eu acho incrível que ela não perguntou o que deveria fazer para mudar, mas todos estão falando: 'muda isso', 'muda aquilo'", disse outro. Além disso, tiveram aqueles que disseram que passam pela mesma situação. "Eu sou mãe de seis e ninguém acredita também", escreveu um.
A influenciadora não esperava que o vídeo teria tanta repercussão. "Fiquei em choque! Havia muitos comentários engraçados, mas também havia comentários ruins sobre mim e até sobre meu marido. Fiquei feliz por ter visto que muitas mulheres se identificavam com minha situação, mas também fiquei triste em ver tantas mulheres falando coisas ruins e sem sentido, como: 'você não pode ter franja porque isso é de criança', 'isso é culpa das suas roupas'. Mas no geral, levei tudo de forma leve e descontraída", diz em entrevista exclusiva à CRESCER.
'Esse menininho é seu irmão?'
Segundo ela, muitas pessoas pensam que ela é mais nova do que realmente é. "Normalmente ficam me olhando estranho com ar de quem está pensando: 'Minha nossa, tão nova e já tem um filho?' E muitas vezes as pessoas chegam a falar comigo: 'Me desculpe a pergunta, mas quantos anos você tem, esse menininho é seu irmão?' Sempre ficam chocados quando falo minha idade", afirma.
Isso já causou algumas situações desconfortáveis para ela. "Uma vez levei Yuusuke ao hospital com minha sogra, chegando lá ela ficou com o Yuyu e eu fui pedir informações ao segurança do local. Ao chegar perto dele, ele disse: 'Você quer ajuda? Onde estão seus pais?' Eu fiquei tão confusa que chamei minha sogra para ela poder confirmar que eu não era a criança que precisava ver o médico. O segurança riu e falou: 'Nossa eu achei que você tinha uns 12 anos e estava perdida'”, lembra.
Embora a perturbe em alguns momentos, Amanda afirma que hoje já sabe lidar bem com os comentários. "Quando eu estava grávida ficava meio incomodada, pois sempre que eu ia na maternidade ficavam me olhando de maneira estranha, como se eu tivesse feito algo de errado, e também sempre perguntavam sobre. Mas com o tempo fui me acostumando! Hoje em dia eu vejo como um elogio ter a aparência de mais nova, espero continuar assim e aparentar ter 20 quando na verdade já tiver uns 40", destaca.
'Todos os dias descubro que é possível amar mais meu bebê'
Amanda engravidou em 2021. O bebê não foi planejado, no entanto, era muito desejado. "Yuusuke nos pegou de surpresa. Mas quando descobri a gravidez ficamos muito felizes", recorda. O pequeno nasceu em novembro daquele ano. "Eu achei que fosse morrer de tanta dor, mas o Victor [meu marido] estava a todo tempo do meu lado, me dando apoio e cuidando de mim. Foi o Victor quem cortou o cordão umbilical", lembra.
"Quando eu o peguei no meu colo parecia que estava em um sonho. Foi amor a primeira vista, eu ainda não sabia naquele momento, mas aquele amor que eu senti triplicou a cada dia que se seguiu desde então. Todos os dias descubro que é possível amar mais e mais meu bebê, ele foi e é a melhor parte da minha vida", ressalta.
Ela e o marido sonhavam em morar no Japão e, quando Yuusuke completou dois meses, eles decidiram que um dia iriam torná-lo realidade. Em março deste ano, eles deixaram Porto de Galinhas, em Pernambuco, e se mudaram para Ota-Shi, localizado na província de Gunma-ken. "Decidimos vir para o Japão principalmente para conseguir dar uma vida melhor e mais segura para o Yuusuke", explica.
Brasil vs Japão
Até agora, sua jornada no país tem sido tranquila. "Todos os dias são calmos e sem agitação. Eu agradeço a Deus por ter tido a iniciativa de vir para cá", destaca. O maior desafio que precisa enfrentar no dia a dia é a barreira linguística, pois ainda está aprendendo a falar japonês. "Mas isso não atrapalha tanto nossas vidas, os japoneses são bem legais e sempre tentam se comunicar da maneira mais fácil, muitas vezes até pegando o Google tradutor", afirma.
Além do idioma, há várias outras diferenças culturais que a impactaram, principalmente em relação à gastronomia. "No entanto, como eu moro em uma região onde tem bastante brasileiros, isso não me incomoda muito. Sempre como comida brasileira e faço aqui em casa também, então, é como estar no Brasil, mas estando no Japão", brinca.
O que mais a deixou feliz em relação à cidade onde mora é a segurança. "É completamente diferente do Brasil, foi o que mais me chocou na verdade. Consigo sair sozinha às três horas da manhã, consigo sair com o celular na mão ou até mesmo deixar a casa destrancada", diz.
Agora, Amanda está aproveitando a vida ao lado de Yuusuke, procurando sempre ser a sua melhor versão para ele. "O meu maior desafio da maternidade, sem dúvidas, é o ato de quebrar ciclos. Não replicar o modo ou o ambiente no qual fui criada", afirma.
"Minha maior alegria é ver meu filho bem e com saúde, a felicidade dele me deixa feliz. Mas, além disso, também fico muito feliz em poder dar a ele tudo aquilo que não pude ter. Não me refiro apenas a bens materiais, mas também a uma família funcional e amorosa, que apesar de qualquer coisa sempre estará presente em cada etapa de sua vida", finaliza.
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