TNH1 com TV Pajuçara
Mais formandos, desta vez do curso de enfermagem de uma faculdade em Maceió, fizeram denúncia contra um cerimonialista por suposto golpe e não realização do evento. Em entrevista ao programa Fique Alerta, da TV Pajuçara/Record TV, várias estudantes relataram que foram pegas de surpresa ao saberem que os serviços contratados junto aos fornecedores não foram pagos.
LEIA TAMBÉM
O TNH1, mostrou no último dia 13 que treze formandos do curso de Farmácia de uma faculdade particular da capital alagoana entraram em contato para denunciar o golpe. Após a veiculação da matéria, estudantes de outro curso ligaram o alerta.
"Estamos em choque. Começamos a correr atrás para saber se tínhamos caído na mesma situação, para não usar uma palavra pior. Falamos com fornecedores e descobrimos que estávamos na mesma situação. A nossa reação foi chorar muito. Acho que foi a reação de toda a turma. Na realidade, a gente ainda não consegue acreditar que isso está acontecendo conosco. Foram quatro anos muito sofridos de faculdade, com a gente pagando uma festa para simplesmente não acontecer", contou Anne Larissa.
O cerimonialista em questão foi identificado nas redes sociais como Felipe Lima Eventos. As formandas disponibilizaram à TV Pajuçara um vídeo em que o produtor dá sua versão dos fatos.
"Me encontrei com a Larissa e expliquei a situação como foi. Segunda-feira vou pagar o salão e enviar o comprovante, para marcar a degustação e ver o que precisa e o que está faltando. Não se preocupe, está tudo certo na formatura", disse ele no vídeo.
Apesar da mensagem, as mulheres resolveram procurar a Polícia Civil e foram até a Central de Flagrantes, com toda a documentação acordada anteriormente entre as partes. Em frente ao local, todas eles desabafaram e não seguraram as lágrimas.
"Eu sou a mais velha da minha turma de enfermagem. Passei 40 anos sem estudar, voltei a estudar, consegui tanta coisa pensando nessa formatura, nessa colação de grau. Ele está destruindo nossos sonhos, nossa paz, nossa saúde", disse Maria Albany.
"A formatura era o grande sonho do meu pai, que infelizmente faleceu antes. Minha família de Salvador estava vindo para cá. Tem quatro anos que não vejo a minha tia, a última vez foi no enterro do meu pai. Então, você ter um sonho, que era o sonho do seu pai, ver a filha formando, ser destruído por um homem é muito complicado", desabafou Bruna Fonseca.
Jocilene Correia explicou que a turma procurou referências antes de fechar contrato com o cerimonialista.
"A gente resolveu fazer o baile e a colação. A comissão tomou frente e foi pesquisando. Colocaram ele no grupo e falaram que ele tinha boas indicações, inclusive do pessoal do salão e os cantores. Ninguém imaginava que ele iria fazer isso, sempre teve boas indicações dele. Até surgir essas coisas".
A colação de grau dos novos técnicos em enfermagem estava marcada para esta quinta-feira. "Nós gastamos, investimos neste sonho, é um sonho nosso. Quem puder nos ajudar com decoração, pelo menos para que a gente faça a nossa colação de grau, nós agradecemos. É um apelo que estou fazendo para todos vocês que estão nos assistindo", disse Janielle Amâncio.
Teve também quem se planejou para levar todos os amigos e familiares à festa que celebraria a conclusão do curso.
"Comprei 23 senhas. Gastei mais nas senhas do que no valor em si da cerimônia para que os meus familiares estivessem em um dia tão especial. Ele simplesmente estragou com tudo. Você chegar para um filho seu e dizer que não vai ter o momento dele entregar o diploma e o anel da formatura. Você ter o momento de ser anunciada e mostrar aos seus filhos o jeito que você foi capaz de concluir um curso, que eles também serão. Ele simplesmente pegou o dinheiro e se mandou", afirmou Elaine Suelen da Silva
A reportagem não conseguiu contato com o empresário Felipe Lima, mas o espaço segue aberto para o devido pronunciamento.
OAB orienta - O secretário geral da Comissão de Direito do Consumidor da Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas, Erickson Dantas, explicou que todos os formandos devem procurar a Justiça.
"Existem os direitos inerentes às pessoas lesadas, que são positivados em relação ao direito do consumidor. A relação jurídica já está configurada. É o momento que o consumidor contrata o serviço do fornecedor, que pode ser também pessoa física ou jurídica que ficou responsável para realizar os serviços contratados. O Código de Defesa do Consumidor menciona que o consumidor, neste caso, específico faz jus à indenização por dano material e moral. Porque de acordo com o que foi veiculado na imprensa e com as queixas feitas pelas pessoas prejudicadas, existiu também má prestação de serviço. O serviço foi contratado, houve pagamentos e não houve o devido serviço realizado. Existiu má prestação de serviço, que está no Código de Defesa do Consumidor".
"É muito importante que as vítimas possam estar munidas de documentação cabível para que essas ações sejam manejadas. Os comprovantes de transferências dos pagamentos feitos em relação ao caso, toda a conversa, situação que possa tirar prints de mensagens, e-mails, Instagram, todos servem como prova cabal da relação jurídica para que o consumidor fique munido de provas. Em relação aos valores gastos, perfaz o consumidor o direito a indenização por dano material. E o dano moral é o sofrimento, porque o que foi relatado já passou de um mero aborrecimento".
Dantas ressaltou ainda que a Polícia Civil deve investigar o caso e apurar se houve o crime de estelionato.
"Nesses casos, como existiram as queixas de diversas pessoas, vai caber ao delegado que preside o inquérito policial determinar as diligências a serem feitas em relação ao ocorrido. De início, se configura crime de estelionato, previsto no artigo 171 do Código Penal. E o crime de estelionato prevê pena de 1 a 5 anos de reclusão, além do pagamento de multa. A autoridade policial, de acordo com os relatos, as provas das vítimas, os depoimentos, fará as diligências necessárias para configurar a questão de prisão ou não prisão".
"(Número maior de vítimas é agravante?) Sim, porque no caso são situações corriqueiras e contínuas, não só praticadas contra uma só pessoa, mas contra uma grande coletividade, um grande número de pessoas. Certamente nesses casos a tendência é que haja um aumento de punibilidade às agravantes", concluiu o representante da OAB-AL.
LEIA MAIS