'Família está dilacerada', diz mãe de jovem morta por facção; réus serão julgados nesta quinta

Publicado em 27/04/2022, às 12h53
Reprodução/Arquivo Pessoal -

Eberth Lins

Edjane Gonçalves viu o ciclo natural da vida ser cruelmente interrompido ao ter a filha Joyce da Silva Alves, à época com 22 anos, assassinada em fevereiro de 2019. Desde então, a mãe enlutada vive de juntar forças para cuidar da neta, que tinha somente sete anos quando ficou órfã ao perder a mãe para uma violência ainda sem muitas explicações.

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Joyce foi morta a tiros, supostamente, ao ter ido numa festa no bairro Cidade Universitária, em Maceió. Ela morava no Conjunto Salvador Lyra com a mãe, a filha e a irmã, e tinha saído de casa dizendo à mãe que participaria de uma reunião de jovens numa igreja no Graciliano Ramos, de onde teria seguido para uma festa no Village Campestre. 

Três anos se passaram e a família da jovem ainda não viu os responsáveis pelo crime serem responsabilizados, mas essa angústia pode ser minimizada a partir desta quinta-feira (28), quando terá início o julgamento de cinco pessoas, segundo a polícia, envolvidas no assassinato.

"Minha filha foi morta por inveja. Já se passaram três anos, mas eu sinto como se tivesse sido ontem. Nunca vou superar, me recuperar dessa perda, quem é mãe pode imaginar o que estou falando", diz emocionada.

À reportagem do TNH1, Edjane diz ter esperança que o desfecho com o resultado do julgamento sirva de exemplo para evitar novos crimes como esse. "Sei que não vai trazê-la de volta, mas eu clamo por justiça. Minha família foi dilacerada, meu coração não está e nem vai ficar em paz, mas espero em Deus que todos sejam condenados e que outras pessoas fiquem atentas com relação às companhias, que outras mães não percam seus filhos e não passem por essa dor".

Dos cinco réus, Edjane disse que só conhece um, a jovem Maria Mariá Araújo Epifânio. "Eram amigas, as duas se conheceram na igreja, ela dormia na minha casa, mas em algum momento minha filha disse que sentia que a amiga tinha inveja de algo. Joyce trouxe o inimigo, a morte para dentro de casa sem saber. Minha filha não tinha malícia, ela realmente acreditava no melhor das pessoas", rememora. "Minha filha foi morta num sábado, ficamos o final de semana inteiro procurando. Na segunda, a Maria Mariá veio à minha casa dizendo que a Joyce tinha sido sequestrada, a frieza dela é assustadora", acrescentou.

Clécio Gomes Barbosa, Elton Jhon Bento da Silva, Jullyana Karla Soares da Costa, Maria Mariá Araújo Epifânio e Lady Laura Rodrigues Paulino serão julgados pelo crime brutal. O julgamento acontece amanhã no Fórum do Barro Duro, em Maceió.

MPAL vai pedir pena máxima para todos os réus - O Ministério Público do Estado de Alagoas (MPAL) informou que vai pedir pena máxima pelo crime bárbaro, por motivo fútil, à traição, contra a mulher, representado pelo promotor de Justiça designado, Thiago Riff, auxiliado pelo promotor de Justiça Denis Guimarães.

Todos terão em desfavor a sustentação do Ministério Público com quatro qualificadoras: motivo fútil, traição, meio que impossibilitou a defesa da vítima e feminicídio. Desde o início, Clécio é visto pelo promotor Denis Guimarães como pessoa fria, sem demonstração de qualquer tipo de arrependimento.

“Chegou a hora de a justiça ser feita. Houve um crime hediondo, por motivo banal e que dilacerou uma família, deixou uma criança de sete anos órfã. Além disso, os acusados de forma insensível ainda cometeram toda a barbárie na frente de duas crianças, filhas de dois participantes. A vítima , inocentemente acreditou que estava entre amigos e a forma cruel com a qual a Joyce foi assassinada chocou a todos, então, nossa postura está mantida defendendo o julgamento e condenação com pena máxima”, afirma o promotor de Justiça.

Relembre o caso - A jovem Joyce da Silva Alves foi assassinada no dia 10 de fevereiro de 2019.  De acordo com a polícia, ela teria feito um gesto da facção Comando Vermelho (CV), o que irritou os réus, que tomaram o celular da vítima, informando que a região era dominada pela facção Primeiro Comando da Capital (PCC).

Após o gesto, Clécio Gomes teria ordenado que Jullyana, Lady Laura e Maria Mariá torturassem Joyce, que depois foi levada para uma área deserta do conjunto, onde Elton e Clécio desferiram múltiplas pauladas e cravaram uma estaca em sua cabeça. Os réus Elton e Jullyana teriam feito que os dois filhos menores assistissem às agressões, explicando que era assim que integrantes da facção rival tinham de ser tratados.

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