Facebook lança seção de vídeos e aposta no entretenimento

Publicado em 03/09/2018, às 21h59
Facebook | Pexels -

Folhapress

O Facebook aposta no mercado de entretenimento e streaming ao anunciar o Facebook Watch, recurso que está disponível para todos os países da rede social a partir desta quarta-feira (29).

LEIA TAMBÉM

Existente há um ano no mercado americano, o Watch é uma seção do Facebook dedicada exclusivamente a vídeos, sejam de canais de TV, de influenciadores ou de marcas que tenham uma página na rede social.

O objetivo do novo recurso é oferecer ao usuário um espaço personalizado com vídeos de seu interesse e com sugestões baseadas nos conteúdos com que interage, incluindo os que são populares entre seus amigos.

A quem produz conteúdo, o Watch oferece métricas e técnicas para reter mais pessoas em transmissões, além de novas possibilidades de receita.

A quem consome, a divisão permite a descoberta de novos vídeos sobre entretenimento, esportes e notícias, além de mais facilidade para encontrar vídeos ao vivo.

Em comunicado, Fidji Simo, vice-presidente de vídeo da empresa, enfatiza que, no Watch, as pessoas podem "discutir os grandes momentos enquanto eles estão acontecendo".

Isso mostra a estratégia do Facebook em reunir usuários em torno de transmissões.

"Durante cinco anos, vimos o vídeo explodir na plataforma, com as lives [vídeos ao vivo]", diz Mauro Bedaque, líder de parcerias de entretenimento para a América Latina.

Segundo ele, o diferencial do Watch é a "visualização intencional", quando o usuário assiste a um vídeo porque quer, não porque está "gastando tempo na plataforma" - o típico scroll infinito.

Segundo a empresa, mais de 50 milhões de pessoas nos EUA assistem a vídeos por pelo menos um minuto no Facebook Watch. O tempo total gasto assistindo a vídeos aumentou 14 vezes desde o início de 2018 nos EUA.

DE OLHO NA TRANSMISSÃO?
O Facebook busca uma posição estratégica nas transmissões ao vivo, principalmente em relação ao esporte.

Os direitos de transmissão esportiva, que antes eram dominados pela TV a cabo, agora são diluídos entre parceiros com maior alcance de público. O que era direcionado apenas às classes A e B, pode ser transmitido a um público maior.

Exemplo da intenção do Facebook em conquistar sua parte nesse mercado foi a disposição em investir US$ 600 milhões por direitos de transmissão de um torneio de críquete na Índia, liga vista por mais de 1 bilhão de pessoas no mundo. No entanto, perdeu a corrida para a Twenty-First Century Fox.

Em 2018, comprou os direitos dos jogos da La Liga, campeonato de futebol espanhol, para transmiti-los na rede social a alguns países asiáticos.

Outro movimento foi a contratação, em janeiro, de Peter Hutton para a área de negociações de transmissão esportiva.

Hutton foi um dos responsáveis pela expansão do serviço de assinatura do Eurosport Player, comprado pela Discovery, e disponível em 52 mercados.

A companhia de Mark Zuckerberg segue o mesmo caminho que o Twitter, o YouTube TV, a Amazon e o Hulu, que têm interesse em participar de um mercado que dá sinais de saturação na TV por assinatura.

A Amazon já adquiriu os direitos globais de transmissão do "Thursday Night Football", da NFL, e dos jogos da Premier League. O Hulu já teve direitos sobre a liga de hóquei nos EUA.

No Brasil, a chance de o Facebook entrar no mercado tradicional dos grandes clubes de futebol é remota, pelo menos até 2024, porque a Globo detém os direitos de transmissão. Isso não impede a empresa de buscar parcerias com outros esportes, seus clubes e circuitos no médio prazo.

Para Marcio Zorzella, da Denstu Aegis Network, grupo global de comunicação, a rede social aproveita o momento "direct to consumer" (direto ao consumidor, na tradução do inglês) para apostar no mercado de vídeo, mesmo que não ofereça conteúdos originais, como a Netflix.

A vantagem é que pode distribuir conteúdos a 2,2 bilhões de pessoas no mundo. O Watch, lembra Zorzella, permite que, além de grandes marcas, pequenos produtores de vídeo possam monetizar seus conteúdos e interagir melhor com suas audiências, ampliando a oferta e receita do modelo de negócio.

"É um conceito de marketplace e 'social vídeo'. Algo que a Apple lançou nos primórdios do Apple Music para bandas, mas que não vingou. Com tanta abundância de provedores, a pergunta que fica é se nessa corrida pela receita, prevalecerá o conteúdo premium dos provedores ou o algoritmo das plataformas", diz.

Gostou? Compartilhe

LEIA MAIS

Mais de 800 kits da parabólica digital estão disponíveis gratuitamente para Pilar e Marechal Deodoro A sonda espacial que pode fazer história ao chegar mais perto do Sol que qualquer outra Era fake? Whatsapp se pronuncia após rumores de nova atualização com notificação de prints WhatsApp vai mostrar quando alguém tirar print das conversas; entenda