Redação
Por atitudes como a da dona de casa Adriana Paixão que se tem a certeza de que mãe faz tudo por um filho. Após um apelo dela, a fábrica Vitarella retornou a produção do biscoito amanteigado de chocolate da marca Treloso, única opção de lanche consumida pelo pequeno Davi, de 10 anos, que é autista e tem séria seletividade alimentar.
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Para angústia dos pais, ele simplesmente ignora os alimentos convencionais e até as guloseimas preferidas dos que têm a mesma faixa etária dele. Depois de inúmeras tentativas, conseguiu-se que Davi experimentasse este tipo de biscoito. Ele acabou gostando e há anos come as bolachas religiosamente nos lanches da tarde e da noite.
Diante desta restrição imposta pela própria criança, Adriana conta que faz estoque em casa dos produtos que o filho consome, temendo que os lotes acabem ou deixem de ser fabricados, como aconteceu com este biscoito. A mãe disse que notou, junto com o marido, que este tipo de bolacha sofreu uma mudança recente, o que foi suficiente para o filho deles rejeitar.
"Na escola, precisa ser outro. Mas, em casa, tem que ser biscoito Treloso amanteigado de chocolate e da embalagem transparente. Davi é totalmente visual. Não pode ser a embalagem unitária, precisa ser a embalagem que vem com três pacotes. Então, compramos o biscoito e a produção estava diferente. O biscoito estava com furinhos. Não seria defeito, era mudança na fabricação mesmo. Fomos em três supermercados e todos estavam assim. Resumindo: Davi estava sem lanche".
Sem a única opção de lanche para o filho, Adriana conta que comprou vários pacotes do modelo novo, abriu e nada de Davi aceitar a mudança, que seria a presença dos furinhos no biscoito. A mãe, então, de maneira até despretensiosa, como ela mesma classifica, decidiu fazer contato com o Serviço de Atendimento ao Consumidor da fábrica para narrar a dificuldade e acabou sendoi surpreendida.
"Achei o contato do biscoito Treloso através do Facebook. E mandei mensagem privada. Não esperava um retorno. Foi só uma tentativa. Contei a história e, no dia seguinte, uma pessoa entrou em contato comigo pelo Facebook. Pediu meu telefone e disse que me daria um retorno. Tudo se resolveu em quinze dias".
"Pense numa mamãe feliz. Não foi nem o fato deles (a empresa) terem mandado pra mim uma caixa, foi a importância de mudarem a produção por causa dele (do Davi). Isso foi demais pra mim"Em resposta ao contato feito, a empresa confirmou a mudança no processo produtivo e informou, na mesma mensagem, que estava retornando à produção antiga, já com os próximos lotes chegando ao mercado sem os furinhos. Comovida com a história, a fábrica ainda avisou que estava encaminhando um kit com vários biscoitos de brinde para o Davi. A caixa chegou pelos Correios na residência de Adriana na última quinta-feira (31).
Ela acrescenta que mais esta batalha pelo filho era extremamente necessária diante da rotina diária para manter o bem-estar dele. A tarefa, segundo ela, não é nada fácil, mas, é com muito amor que ela diz conseguir vencer as limitações decorrentes do autismo.
"Lutamos diariamente para que sejam inseridos outros alimentos na dieta do Davi. Estamos aos poucos conseguindo. Mas, o lanche ainda precisa ser esse. Portanto, quando alguém se importa com uma dor que não é sua, esse alguém faz muita diferença na vida da gente", conclui.
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