Estudo coloca morcegos-vampiros para correr na esteira, e resultado surpreende

Publicado em 06/11/2024, às 20h13
- Foto: Dr Kenneth Welch, Universidade de Toronto em Scarborough

Revista Galileu

Aí vai uma curiosidade aleatória para você, leitor: morcegos-vampiros são bons corredores, e podem usar suas asas para se deslocar rapidamente no solo, como um siri. Uma dupla de biólogos da Universidade de Toronto, no Canadá, resolveu investigar esse comportamento, colocando os morcegos para correr na esteira. E o teste revelou que o metabolismo desses bichos tem um funcionamento surpreendente, que os aproxima dos insetos que se alimentam de sangue.  

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Correr na esteira por vários minutos é uma atividade que exige bastante do organismo de um mamífero. As primeiras reservas de energia a irem embora são os carboidratos. Depois, os alvos são os estoques de gordura. Continuar correndo faz com que o corpo comece a buscar mais fontes de energia, antes de cair exausto.

No caso dos morcegos-vampiros, existe uma via menos comum para obter energia. Se forçados a seguir se exercitando, morcegos-vampiros podem passar a queimar a prolina, um tipo aminoácido – moléculas que compõem as proteínas – que estava no sangue de suas presas. Esse comportamento é semelhante ao de insetos que se alimentam de sangue, como a mosca tsé-tsé, por exemplo.

Como descrevem em um artigo científico publicado na revista Biology Letters, os biólogos Giulia Rossi e Kenneth Welch, da Universidade de Toronto, colocaram morcegos-vampiros para seguir correndo na esteira por muito tempo.

Eles colocaram uma esteira dentro de uma caixa e fizeram os morcegos correrem nela. Apesar de conseguirem voar pelos céus, morcegos-vampiros podem usar a corrida como meio de rastrear suas presas. A corrida acontece na lateral, no melhor estilo siri. Ela é útil para que os morcegos se aproximem de um boi, por exemplo, sem precisar pousar diretamente nas costas deles, como explicou Welch em entrevista ao New York Times.

Você pode assistir à corrida vampiresca no vídeo abaixo:


Resultado do estudo

Para testar como o metabolismo dos morcegos-vampiros se comporta em situações do tipo, os cientistas usaram sensores para medir o consumo oxigênio e produção de dióxido de carbono – fruto da respiração. Medir o nível de isótopos de carbono pode servir para calcular a quantidade de um determinado composto que foi usada como fonte de combustível.

Ao todo, a dupla estudou o metabolismo de 24 morcegos vampiros capturados em Belize, na América Central. Cada um foi alimentado com sangue de vaca contendo glicina e leucina, (dois aminoácidos), cuja concentração os cientistas conseguiram rastrear.

Os pesquisadores fizeram os morcegos correrem até 30 metros por minuto. A maioria dos morcegos continuou se movendo por 90 minutos – tempo de duração do teste. Os sensores mostraram que, durante a atividade, eles estavam queimando os aminoácidos do sangue de vaga que acabaram de consumir. Esses aminoácidos, na verdade, corresponderam por até 60% da energia gasta na correria.

A dupla de biólogos observa que o comportamento alimentar dos morcegos vampiros não é lá muito eficiente. Isso porque, ao contrário dos carboidratos, os aminoácidos não podem ser usados ​​para armazenar energia. Por causa disso, os morcegos têm que comer todos os dias, ou correm o risco de morrer de fome. Tá pensando que a vida vampiresca é fácil?

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