Especialistas sugerem gestão regional e participativa para o saneamento básico no Brasil

Publicado em 05/11/2015, às 19h31
-

Redação


Para garantir o acesso à água potável e à coleta de esgoto para 90% da população no prazo de 20 anos, o Brasil precisa regionalizar os serviços de saneamento básico e melhorar a gestão dos mesmos. Essa é a opinião dos especialistas que participaram da audiência pública promovida nesta quinta-feira (5) pela Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR), na terceira reunião para analisar o Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab).

Um dos maiores desafios do plano, segundo opresidente do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos, é investir R$ 300 bilhões somente em água e esgoto durante duas décadas. Segundo ele, o país consegue aplicar, em média, R$ 10 bilhões por ano no setor. E são gritantes as diferenças regionais: enquanto São Paulo é responsável por um terço do investimento em saneamento no Brasil, estados como o Pará apenas 3,8% da população têm coleta de esgoto.

Para equilibrar a situação, Édison Carlos considera fundamental o sistema de regulação nos municípios, a gestão participativa e a valorização do saneamento básico por meio de campanhas. Ele também aponta outras medidas importantes:

— Desburocratizar o acesso aos recursos, alterar a responsabilidade individual pelas obras, aumentar a eficiência com melhoria na gestão do setor, fortalecer as decisões regionais por bacia hidrográfica e priorizar as licenças ambientais. Estamos falando de uma infraestrutura ridiculamente atrasada no Brasil, e que a gente precisa encontrar formas de andar mais rápido.

Municípios

O representante do Ministério das Cidades, Ernani Ciríaco de Miranda, reconhece que o processo é demorado. A meta imposta aos municípios para a criação de um plano de saneamento não foi cumprida em 2014 e também não deve ser cumprida este ano, acredita.

Lançado em 2008, um ano depois da Lei de Regulação do Setor de Saneamento Básico, o Plansab estipulou prazo até 2033 para a universalização dos serviços de água e esgoto. O governo diz que não faltam recursos e estimula as parcerias entre municípios, iniciativa privada e universidades para a criação de projetos de saneamento.

Além disso, de acordo com Ernani, as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) também garantem avanços, apesar dos problemas de planejamento e execução do saneamento na maioria dos municípios brasileiros.

Lixões

O manejo de resíduos sólidos e a drenagem das águas pluviais urbanas também fazem parte dos serviços que compõem o saneamento básico. A estimativa é de investimentos que totalizem R$ 508,4 bilhões, entre 2014 e 2033, para atingir as metas do Plansab.

Acabar com os lixões é outro grande desafio, como destaca Heliana Kátia Tavares Campos, diretora da Associação de Engenharia Sanitária e Ambiental do Distrito Federal (Abes). Ela afirma que a forma adequada para o tratamento dos resíduos sólidos é o aterro sanitário, com previsão de reciclagem.

Heliana também defende a regionalização do serviço como a melhor saída e cita o exemplo da transferência do lixo hospitalar do Distrito Federal para Betim (MG). Para ela, a gestão ainda é o problema central enfrentado pelos municípios.

— O que é mais caro é o custo operacional. É por isso que inúmeros aterros sanitários construídos no Brasil viraram lixões — explica.


Gostou? Compartilhe

LEIA MAIS

Bolsonaro se manifesta após vídeo sobre Pix de Nikolas viralizar PGR se manifesta contra autorização para viagem de Bolsonaro aos EUA Projeto prevê prisão de quem divulgar imagens de suicídio ou automutilação Familiares, autoridades e admiradores prestam as últimas homenagens a Benedito de Lira