Entendimento de um antropólogo social: “É mais fácil polarizar e eliminar adversários do que vê-los como iguais”.

Publicado em 29/08/2024, às 18h09

Redação

A democracia exige uma competição justa.
Não existe como viver democraticamente com uma estrutura jurídica anti-igualitária e sem aceitação cívica das regras.

É o entendimento do antropólogo social e escritor Roberto DaMatta:

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“Sem competição não há democracia representativa. Um sistema de governo que se impõe limites de poder e que tem como base a rotatividade dos atores que encarnam posicionamentos oferecidos à discussão pública e, em consequência, a sua consagração ou rejeição nas urnas. Todos esses requisitos demandam uma séria igualdade de todos perante as leis. Ademais, elas não funcionam sem a sinceridade cívica de aceitá-las como limites, aceitando derrota ou vitória.

Afirmar isso é tranquilo, mas o ideal de concorrer com outros e, sobretudo, com quem detém o poder e é visto como seu dono, não é algo simples em sistemas fundados por mandonismos familísticos e por um elitismo cuja base era a escravização negra africana que carregava nas costas o peso do trabalho. Trabalho que até hoje não cabe aos dirigentes, pois ainda é classificado como castigo e punição. Governantes governam, nós trabalhamos!

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