Entenda por que o Sol fica vermelho com a fumaça das queimadas

Publicado em 12/09/2024, às 22h25
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Claudinei Queiroz / Folhapress

Há duas semanas, a imagem do Sol vermelho no fim da tarde chamou a atenção das pessoas em muitas regiões do país. Apesar da beleza do espetáculo, essa visão não é um bom sinal. Ao contrário: é a confirmação de que a atmosfera está poluída.

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O grande número de queimadas país afora, principalmente nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste, intensificado pelo tempo quente e seco, tem enchido a parte baixa da atmosfera com partículas de fuligem e poeira, que proporcionam o espetáculo colorido, mas também fazem muito mal à saúde.

Normalmente, a tonalidade azul do céu é devido à interação da luz solar com as moléculas de oxigênio. No entanto, com a poluição, são as demais partículas que refletem a luminosidade.

"A fumaça das queimadas funciona como aerossol, que interage com a luz solar e lunar. No nascer e no ocaso, os raios solares e lunares percorrem necessariamente um trajeto maior na atmosfera, pois estão mais inclinados, e encontram maior quantidade de poluentes para a interação", explica Josélia Pegorim, meteorologista do Climatempo.

Pegorim conta que o céu avermelhado e alaranjado logo após o por do Sol também é reflexo dessa poluição. Nesse caso, o fenômeno é conhecido como espalhamento Mie.

A luz que está no horizonte precisa atravessar uma espessura muito maior da atmosfera, e neste percurso, acaba removendo a luz com comprimento de onda mais curto, como o azul, restando as mais longas, de tom laranja e vermelho.

"Quando o feixe de luz passa pela camada de ar próximo à superfície, encontra partículas em suspensão muito maiores que uma molécula de oxigênio. Estas partículas 'grandes' passam a espalhar os tons de laranja e vermelho que preenchem o céu no horizonte quando o Sol está se pondo", diz, destacando que estas cores são mais fortes quanto mais aerossóis ou partículas em suspensão encontrar no caminho.

Astrônomo do Espaço Bramon (Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros), Marcelo Zurita afirma que essas condições climáticas são um alerta para cuidarmos da natureza, pelo bem das gerações futuras.

"A fuligem e monóxido de carbono que ‘pintam’ o Sol e a Lua em nossas paisagens são os mesmos que agravam o efeito estufa, que está condenando o futuro das próximas gerações. Cuidar do nosso planeta não é uma questão ideológica ou econômica. É uma questão de sobrevivência da própria humanidade".

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