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Entenda como funciona o projeto do Google que testa IA em semáforos no Rio

| 16/07/24 - 16h07
Imagem de arquivo do trânsito na Barra da Tijuca | Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil

Cruzamentos de ruas do Rio de Janeiro estão sendo operados com auxílio de inteligência artificial do Google. O projeto Green Light começou na capital fluminense em novembro do ano passado, após dois anos de testes.

Tendências de tráfego que aparecem no Google Maps, ferramenta do Google que mostra o trânsito em tempo real, são usadas como informações para sincronizar os semáforos.

Parte dos semáforos das cidades é operada por sistemas eletrônicos, com cabos metálicos presos à sinalização que detectam, através de corrente elétrica, a passagem dos veículos. Outra parte funciona com sistema de identificação por vídeo. Nesse caso, sensores nas câmeras identificam o fluxo.

O comportamento do trânsito, identificado por circuitos eletrônicos ou por softwares de vídeo, é usado pelos engenheiros para programar quanto tempo o sinal fica no vermelho.

O sistema do Google não usa sensores ou câmeras instaladas, mas informações do Google Maps. O programa reúne dados de GPS de celulares para informar aos usuários, em tempo real, as tendências de tráfego.

Com os dados do Google Maps —como programação dos sinais de trânsito, horários de pico e hábitos dos motoristas, como tempo de frenagem e aceleração—, o sistema Green Light cria um modelo para cada cruzamento. Se uma rua aparece no Google Maps com trânsito congestionado de cinco em cinco minutos, a inteligência artificial do Google entende que ali há um gargalo criado pelo sinal e calcula um ajuste na programação do semáforo.

Essas recomendações são fornecidas aos engenheiros de tráfego municipais.

A intenção do Green Light é diminuir o tempo de parada dos veículos e, com isso, reduzir as emissões de carbono. Na prática, a ferramenta aumenta o tempo em que os semáforos permanecem no verde.

O Green Light está em fase de implementação em Campinas, no interior de São Paulo, em parceria com a Emdec (Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas). O Google possui um formulário em que autoridades municipais podem se inscrever na lista de espera para participar do projeto.

"Sem o Green Light, as cidades precisam instalar sensores de custos elevados ou realizar contagens manuais de veículos para reprogramar os semáforos", afirmou o Google, em nota.

O auxílio da inteligência artificial da empresa, contudo, é limitado a apenas cinco cruzamentos do Rio de Janeiro. A cidade tem mais de 12 mil intercessões e travessias com sinais de trânsito, e cerca de 3.800 pontos com câmeras usadas para verificar o trânsito.

Na zona sul, o Green Light opera nos cruzamentos entre as avenidas Atlântica e Prado Júnior, em Copacabana, e na intercessão das ruas Embaixador Carlos Taylor, Marquês de São Vicente e Vice-Governador Rúbens Berardo, na Gávea.

A Atlântica, em Copacabana, aparece entre as dez vias com mais acidentes de trânsito entre 2018 e 2021 na cidade, de acordo com um estudo de segurança viária da prefeitura.

Na zona norte, o Green Light está no cruzamento da avenida Amaro Cavalcanti com a rua Adolfo Bergamini, no Engenho de Dentro. E na zona oeste, opera no cruzamento entre a estrada do Monteiro e a rua Esculápio, em Campo Grande, e entre a avenida Otávio Malta e estrada do Engenho D'Água, no Anil.

A CET-Rio (Companhia de Engenharia de Tráfego do Rio), responsável pela gestão do trânsito na cidade, afirmou que nos cruzamentos operados pelo Green Light o tempo médio de espera dos motoristas reduziu em torno de 10%.

"São pequenos ajustes na programação semafórica das interseções, sugeridas tanto pelo time do Google, como pelos técnicos da CET-Rio, analisando locais considerados mais críticos", disse a companhia.

O Google prevê que a ferramenta tem potencial para reduzir as paradas de veículos em até 30%, e as emissões de carbono nos cruzamentos em até 10%.

O Rio foi o primeiro município da América Latina a receber o projeto, que está presente em outras 13 cidades do mundo. A lista inclui Hamburgo (na Alemanha), Budapeste (Hungria), Manchester (Reino Unido) e Seattle (Estados Unidos).

Em paralelo ao Green Light, o COR (Centro de Operações Rio), central da prefeitura responsável pelo monitoramento da cidade, vai receber investimento de R$ 29 milhões para projetos de implementação de inteligência artificial. Do total, R$ 5 milhões vão ser usados para testar uma rede de semáforos inteligentes.

O aporte foi anunciado pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) no fim de maio.

Em meio aos testes de inteligência artificial nos cruzamentos, o 1746, canal da Prefeitura do Rio que concentra as solicitações de serviços, recebeu 4.688 pedidos de reparo de sinal de trânsito apagado de janeiro a maio deste ano.

Em todo o ano de 2023 foram 13.703 reclamações do tipo. Parte dos sinais apagados, segundo a prefeitura, é resultado do furto de cabos.