Entenda a toxina letal do Baiacu, peixe que pode levar à 'síndrome do cárcere'

Publicado em 31/01/2024, às 17h11
Wikimedia Commons -

UOL

O consumo de um peixe baiacu provocou a morte de Magno Sérgio Gomes, um homem de 46 anos, no último sábado (27) no município de Vitória, capital do Espírito Santo. A suspeita foi de que a toxina presente no animal causou o óbito. Mas, afinal, quais são os riscos de ter contato com o peixe?

LEIA TAMBÉM

O baiacu é considerado o segundo vertebrado mais venenoso do planeta. Perde apenas para uma espécie de rã, a Phyllobates terribilis, um anfíbio minúsculo, encontrado em algumas regiões da Colômbia.

A grande maioria de baiacus é marinha, mas existe uma quantidade considerável de espécies que vivem em água doce. Para o consumo humano, são considerados perigosos devido ao veneno presente em suas vísceras, a tetrodotoxina.

Apesar do perigo, os baiacus são muito apreciados por sua carne. No Japão, um prato preparado com o peixe, lá chamado de fugu, pode custar entre R$ 400 e R$ 750.

O Brasil também figura entre os países consumidores. E os "acidentes" são comuns, principalmente entre pescadores e apreciadores de sashimi (peixe cru).

Existem dois tipos de baiacu mais comuns no Brasil: o arara e o pintado. O arara é menos tóxico e pode ser encontrado em mercados de peixes. Já o pintado tem doses altíssimas de tetrodotoxina, sendo responsável pelos envenenamentos no país.

Como age a toxina

A tetrodotoxina é um dos venenos mais poderosos encontrados na natureza. Para se ter uma ideia, bastam dois gramas da substância para matar uma pessoa. A tetrodotoxina é produzida por bactérias e acumulada pelos baiacus em seus órgãos e pele.

Toxina bloqueia a capacidade dos nervos de transmitirem ordens para os músculos e acabam por paralisar os músculos da respiração. Sem os devidos cuidados, isso pode levar à morte. As intoxicações, no entanto, são raras.

O bloqueio é progressivo e, quando atinge os músculos da respiração, pode causar a morte por asfixia. O paciente permanece lúcido, mas não pode se mover. Isso é chamado popularmente de "síndrome do cárcere".

Inicialmente a vítima tem mal-estar, formigamento em volta da boca e em outras partes do corpo. Em fases posteriores, queda da pressão arterial, arritmias cardíacas e ocorre uma paralisia progressiva, que pode ser total.

Não há antidoto para a tetrodotoxina. O único tratamento é o equilíbrio dos sintomas, com controle da queda da pressão arterial, das falhas cardíacas e da paralisia (com respiração artificial). Se não houver uma UTI por perto, dificilmente o paciente se recupera.

Como evitar problemas

A tetrodotoxina não se altera com a temperatura, portanto, o veneno permanece intacto mesmo se a carne for congelada ou preparada em altas temperaturas.

O cuidado com o preparo da carne é muito importante. A forma correta é retirar o fel (a vesícula), para que não estoure, pois se estourar, vai contaminar toda a carne do baiacu. Apesar de ser possível o consumo, alguns especialistas recomendam evitar, justamente pela dificuldade de garantir que a limpeza foi feita adequadamente.

Gostou? Compartilhe

LEIA MAIS

Chikungunya matou mais até agosto deste ano do que em todo 2023, alerta Fiocruz Sono irregular pode aumentar risco de derrame e ataque cardíaco, diz estudo O que é a hidrolipo e quais os riscos do procedimento feito por mulher que morreu em clínica em SP Hospital da Mulher passa a agendar consultas para inserção do DIU