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As crianças descobrem o mundo pela boca. Você sabe muito bem disso, não é mesmo? É só piscar os olhos que o seu bebê está agarrando algo e levando em direção aos lábios para descobrir o gosto e a textura. Essa curiosidade, o início da introdução alimentar ou mesmo o próprio leite são fatores que podem provocar engasgo em bebês e crianças. A palavra gera arrepios em todos, mas é preciso entender por que ele ocorre, como evitar e, claro, como agir, se for preciso.
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Aqui no Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, bebês e crianças de 1 a 3 anos são as mais vulneráveis ao engasgo. Além da curiosidade de levar tudo à boca, elas também não possuem controle total da mastigação e deglutição de alimentos.
Por isso, é preciso dobrar a atenção na hora das refeições. Um estudo da Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, identificou os alimentos que mais provocaram engasgos em crianças de até 14 anos. Balas duras e outras guloseimas representam quase 25% das ocorrências, seguidas por carnes, ossos, frutas, vegetais e leite. A recomendação da ONG Criança Segura é não dar nada que ofereça risco de engasgo se for engolido direto. Alimentos muito lisos e arredondados, como uvas e tomate cereja, devem sempre ser cortados no formato longitudinal ou em mais partes.
De acordo com a cartilha da Escola de Enfermagem da USP de Ribeirão Preto (SP), há dois tipos de engasgo. O parcial, quando ainda passa um pouco de ar pelas vias respiratórias, e o total, quando elas estão totalmente interrompidas. No primeiro caso, a criança chora, fica agitada, ofegante, com respiração rápida, apresenta uma tosse rouca e/ou chiado no peito. No engasgo total, a criança não consegue falar nem tossir ou chorar e começa a ficar com lábios roxos. Os bebês podem ficar “molinhos” por causa da falta de ar. Por mais desesperador que seja, é preciso manter a calma e ajudar a criança a desengasgar.
Para bebês menores de 1 ano
Ao perceber que o seu filho está engasgado, não tente tirar o alimento com os dedos caso ele não seja grande e visto com clareza. Dessa forma, você pode empurrá-lo ainda mais e piorar a situação.
Aprenda a fazer a manobra Heimlich
O recomendado é que seja feita a clássica manobra Heimlich, criada pelo médico estadunidense Henry Heimlich. Nela, o bebê deve ser colocado de bruços no antebraço dos pais com a cabeça mais baixa que o tórax. Depois, dê cinco golpes energéticos no meio das costas, usando o punho da mão com os dedos estendidos. Vire a criança de barriga para cima apoiando sua cabeça e a mantendo mais baixa que o corpo. Por fim, veja se o objeto foi expelido. Caso contrário, faça cinco compressões rápidas no meio do tórax, entre a linha dos mamilos. Se esse procedimento não expulsou o objeto, peça ajuda e acione o serviço de emergência (SAMU 192). Enquanto aguarda a emergência, repita a manobra novamente.
Para crianças maiores de 1 ano
Ajoelhe-se para ficar na mesma altura da criança e abrace-a por trás com os dois braços. Feche uma das mãos e segure o punho com a outra para realizar compressões rápidas na boca do estômago, que fica logo abaixo do peitoral entre as costelas, fazendo um movimento circular para cima. Isso pode ajudar a expelir o objeto. Encoraje a criança a tossir, se ela conseguir durante a manobra. Após realizar a manobra ao menos duas vezes e perceber que o objeto não saiu, ou que a criança continua pálida, com lábios arroxeados, acione a emergência (SAMU 192) e repita a manobra até a chegada do socorro.
5 dicas para prevenir engasgos
– Nunca deixe moedas, brincos, pilhas de relógio ou quaisquer objetos pequenos ao alcance das crianças.
– Respeite o tempo do seu filho. Não tente antecipar as coisas. A introdução alimentar deve ser iniciada após os seis meses e ainda assim diante de todos os sinais de prontidão, como sentar-se sem apoio ou com o mínimo possível, ter perdido o reflexo de protusão da língua, que é quando ele empurra o alimento para fora da boca com a língua, mostrar interesse em agarrar o alimento, colocá-lo na boca e mastigar mesmo sem dentes.
– Se o seu filho estiver com muita fome, procure amamentá-lo por alguns segundos. Assim que ele acalmar, reinicie o processo para que ele retome a mamada em um ritmo mais tranquilo.
– Após amamentar, procure deixar o bebê na vertical por 15 minutos mesmo que ele não arrote. Caso não ouça, não tem problema. O ar sai por gravidade.
– Nunca entregue na mão da criança um alimento que possa se desprender em pedaços grandes na boca, como salsichas, cachos de uvas, pães, bolachas.
– A criança precisa se alimentar sentada. Não dá para brincar, correr ou andar ao mesmo tempo em que se mastiga ou se bebe alguma coisa.
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