Em carta do presídio, ex-PM nega envolvimento em caso Marielle

Publicado em 10/05/2018, às 13h53

Redação

O ex-PM Orlando Oliveira de Araújo, conhecido como Orlando de Curicica, negou envolvimento na morte da vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada em 14 de março.

LEIA TAMBÉM

Reportagem publicada na última terça-feira (8) pelo jornal O Globo apontou, com base em depoimentos de uma suposta testemunha, que Orlando e o vereador Marcello Siciliano (PSH) seriam os mandantes do crime. Orlando, que está preso desde outubro, seria um dos chefes da milícia que atua em Jacarepaguá, na zona oeste. Já o vereador, que tem a zona oeste como reduto eleitoral, também teria ligação com o grupo paramilitar, o que ele nega. 

Ainda de acordo com o jornal O Globo, Marielle teria sido morta porque ultimamente estaria denunciando abusos policiais em recorrentes ações da polícia na Cidade de Deus, também na zona oeste, cujo território, contudo, é dominado por traficantes de drogas. As ações da vereadora estariam levando a uma atenção maior da sociedade para o conflito e estariam atrapalhando os planos da milícia de expansão de territórios na região. 

Em carta escrita de dentro do presídio obtida pelo jornal O Dia, o ex-policial negou participação dos crimes. Ele também descreditou o depoimento da testemunha, que seria um ex-colaborador do grupo miliciano. Na carta, no entanto, Orlando Araújo chega a citar nominalmente o delator, apesar de sua identidade ter sido preservada na reportagem do diário carioca que dava detalhes de seu depoimento à polícia. 

De acordo com o conteúdo da carta, a testemunha, na realidade, seria integrante da milícia que atua no Morro do Banco, na zona oeste. 

O missivista tenta reduzir a credibilidade do depoimento ao afirmar que na favela, milícia e tráfico de drogas convivem lado a lado, algo raro de se ver no passado recente das milícias do Rio, criadas inicialmente para expulsar traficantes de comunidades do Rio. 

Orlando ainda não foi ouvido pela polícia a respeito das denúncias recentes. Sua carta foi enviada do presídio por meio de seus advogados. A reportagem ainda não conseguiu contado com os defensores do ex-PM.

A testemunha do caso deu quatro depoimentos em que relata encontros entre o vereador e o ex-PM para supostamente planejar o crime.

Na carta, Orlando diz desconhecer o vereador Siciliano e nega participação no crime, que classifica como "bárbaro". Também diz que nunca tinha ouvido falar de Marielle antes de sua morte a tiros, no centro do Rio. Na ocasião também morreu o motorista Anderson, que dirigia o carro emparelhado por outro veículo cujo ocupante disparou 13 tiros no carro da vereadora. 

Orlando diz que a denúncia da testemunha foi "armada e direcionada" para desviar o foco das investigações e o incriminar.

Nesta quinta-feira (10), o jornal O Globo deu mais detalhes do depoimento da única testemunha do caso. Entre os supostos ocupantes do carro que emboscou Marielle e sua equipe, estaria um policial militar lotado no 13º Batalhão (Olaria) e um ex-PM do Batalhão da Maré. Os outros dois ocupantes não foram identificados.

Gostou? Compartilhe

LEIA MAIS

Justiça condena homem que chamou artista de 'traveco' em post de casa de shows, em Maceió Justiça proíbe condomínio de usar galinhas contra praga de escorpiões Justiça manda indenizar mulher que contraiu HPV após traições do ex-marido STF nega liberdade condicional a ex-deputado Daniel Silveira