Alagoas

"É um monstro": irmã de alagoana morta por companheiro em SP revela último contato com vítima

| 17/10/24 - 09h10
Josimar e Taciana viviam em relacionamento abusivo | Foto: Arquivo Pessoal

A irmã da alagoana Taciana Maria Ramos, 36 anos, morta a facadas pelo próprio companheiro no interior de São Paulo, conversou com exclusividade com a reportagem da TV Pajuçara e deu detalhes do relacionamento abusivo do casal, como também revelou as últimas conversas que teve com a vítima. Taci, como era conhecida, foi assassinada após ser atingida por 12 facadas dadas por Josimar Gomes do Santos, 37, também de Alagoas, no município de Araçariguama. O homem foi preso.

A mulher, que preferiu não ter a identidade revelada na reportagem por medo de represálias do cunhado, destacou que recebeu o vídeo de Josimar que mostrava o corpo da irmã ensanguentado. Também na filmagem, ele pediu desculpas para a família e alegou que a matou por ciúmes. O TNH1 optou por não publicar as imagens por causa das cenas extremamente fortes.

"No vídeo, ele esfaqueou ela. Ela estava toda ensanguentada, agonizando já. Muito sangue e agonizando, e ele dizendo o que fez. "Me desculpa, família, pelo que fiz, mas eu fiz isso porque ela estava enviando fotos para outros caras", disse.

"Sem explicação. Não tem explicação para isso. Um ser humano não é... Eu não chamo ele de ser humano, ele é um monstro. Porque a pessoa ter a capacidade dar não sei quantas facadas em um ser humano e ainda mais ter a capacidade de gravar um vídeo pedindo desculpa a família, isso não existe, não", continuou a irmã abalada.

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Família não aprovava relacionamento

A irmã disse que Taciana vivia em um relacionamento abusivo, dependente, e cercado de ameaças. Segundo ela, a família nunca aprovou a união, que começou quando o casal ainda era adolescente e morava em Alagoas.

"O jeito que ele falava com ela... Dizia que ia matar ela... Ela trocava de número porque ele quebrava o celular dela... Então, nas fotos, uma vez, ela mandou ele sentado com duas peixeiras, assim, e a gente ficava com o coração na mão. A gente dava conselho e ela não aceitava", afirmou.

Ainda de acordo com a irmã, na tentativa de salvar Taciana do relacionamento abusivo, ela comprava passagens de ônibus de São Paulo para Maceió. E desembarcar no terminal rodoviário da capital alagoana, para a família e para Taciana, era um alívio, já que era o momento em que ela ficava afastada de Josimar. Porém, a vítima do feminicídio sempre voltava para o companheiro. 

"Eu já cheguei pra ele: "Eu sei que o relacionamento de vocês não é exemplar. Mas, por favor, nunca faça nada com minha irmã", relembrou.

Em 2019, Taciana registrou o primeiro boletim de ocorrência contra o marido por lesão corporal. Josimar, à época, havia dado duas facadas nas costas dela. "Ela amava ele, porque não conseguia viver mais em Maceió. Não conseguia mais ficar aqui, e ela queria voltar", explicou.

Último contato com a irmã

A mulher também informou como foi o último áudio enviado por Taciana no aplicativo de mensagens WhatsApp. Na ocasião, a vítima de feminicídio havia sido ferida depois de Josimar jogar água quente na cabeça dela. Taciana ficou com queimaduras no couro cabeludo e disse estar sofrendo.

"Não foi assim minha irmã. Foi uma panela. Ele me chamou, eu pensei que era outra coisa, e a panela estava no fogo, quente. E aí pensei outra coisa. "Taci, vem cá..." Aí ele vinha de boa, aí quando vi, ele jogou água quente na minha cabeça. Ai eu disse: o que foi que você fez isso comigo? Eu estou sofrendo, muito sofrendo", mostra a mensagem de voz. 

Irmã quer justiça

A irmã de Taciana também declarou que espera que Josimar pague pelo crime e permaneça preso. "Eu quero justiça, eu quero que ele pague. Eu sei que a vida da minha irmã não vai voltar. Eu sei que ela se foi, é... Ela se deixou... Deixou acontecer isso, na verdade. Porque, por mais que ela pedisse socorro, ela voltava para ele. Mas eu sei que a vida dela não vai voltar. Mas eu quero justiça. Que ele continue na cadeia".

Josimar foi detido sujo de sangue e armado com a faca logo depois do crime. Ele disse que cometeu o feminicídio por ciúmes. O homem foi levado para a Delegacia de Polícia de São Roque, e depois foi encaminhado para a Cadeia Pública. O Tribunal de Justiça de São Paulo converteu a prisão em flagrante em preventiva, após audiência de custódia.

Veja a reportagem do programa Cidade AL: