Agência Alagoas
Circulam nas redes sociais vários vídeos com a informação de que parasitas circulariam em máscaras descartáveis, itens essenciais no combate à covid-19. Os conteúdos são falsos. Testes laboratoriais mostram apenas fragmentos de tecido em máscaras novas e, após o uso, pêlos, fibras vegetais e outras impurezas retidas pela trama.
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A ideia tem se espalhado por meio de vídeos gravados em diversos idiomas com um suposto teste. Uma versão em português sugere que o uso da máscara provocaria uma hipotética ativação de parasitas. “Fizemos o teste! Minha amiga tem microscópio digital, vimos alguns parasitas, basta a pessoa usar a máscara. A própria respiração, ar úmido e quente da boca ativam os parasitas. Estes parasitas entram pela nossa mucosa. Creio que estas máscaras venham da China”, diz a mensagem.
O texto circula no Brasil com um vídeo - em português lusitano - no qual uma mulher aparece na tentativa de provar a ideia com um teste. Ela pôs uma máscara descartável sobre o vapor d’água para analisar a presença dos supostos vermes. Apesar de comentar que vários casos foram comprovados por testes semelhantes em todo o mundo, nenhuma anormalidade é observada até o final da gravação.
A pedido da editoria Alagoas Sem Fake, o biomédico Anderson Guedes realizou uma análise laboratorial no Hospital São Vicente de Paulo, em União dos Palmares. O especialista analisou no microscópio três máscaras descartáveis novas e uma após duas horas de uso. Não foi detectado parasita em nenhuma delas. “Não há risco de ter parasita em máscara descartável, conforme foi falado no vídeo. Na máscara que foi usada por duas horas surgiram apenas partículas de sujeira, ou seja, a máscara é uma barreira de proteção, e isso mostra o quanto é essencial a utilização do item. Os vídeos que tentam mostrar o contrário, não têm base científica”, esclareceu Guedes.
A agência de notícias AFP também já apurou os vídeos com as informações falsas. Os especialistas consultados pela reportagem informaram que, de acordo como as máscaras são manuseadas, elas podem acumular pêlos, fibras vegetais e outras impurezas.
Marina Jovanovic, especialista em Ciências Biológicas e pesquisadora associada ao Instituto de Química Geral e Física de Belgrado, fez a análise a pedido da AFP e informou o resultado: “Quando colocamos uma máscara, a tocamos com as mãos, temos germes nas mãos, tocamos diferentes superfícies que podem conter microorganismos. Além dos micróbios, é possível transferir resíduos às máscaras, como pêlos, fibras vegetais e outras impurezas. O que vimos no microscópio em uma máscara usada não são parasitas, nem nada vivo. São apenas restos de material”.
Uso adequado
O infectologista Cláudio Cotrim, que atende no Hospital Geral do Estado (HGE), reforça que as máscaras são um meio seguro de prevenir a prevenção. “As máscaras cirúrgicas são usadas para impedir a transmissão por gotículas que podem conter o novo coronavírus. São utilizadas por quatro horas e devem ser descartadas quando apresentar umidade”, orientou o médico.
“As máscaras de tecido podem ser lavadas e reutilizadas. Todas as máscaras servem de barreiras contra o contágio da Covid-19, mas é preciso que sejam associadas ao hábito de higienizar corretamente as mãos, com frequência, usando água e sabão ou álcool em gel”, acrescentou o infectologista. A eficácia das máscaras na prevenção da Covid-19 é comprovada, mas é preciso cuidado na utilização correta das máscaras, como evitar tocá-las. No caso das reutilizáveis, o cuidado deve ser redobrado para evitar a proliferação de bactérias. Especialistas ouvidos pelo jornal Estado de Minas alertam que máscaras de pano exigem higienização com água e sabão, uso individual e troca quando úmida. Ainda, é essencial descartar as máscaras que não se ajustam mais ao rosto.
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