Dona do Outback quer deixar o Brasil; lojas vão fechar? Entenda

Publicado em 15/05/2024, às 08h41
Crédito: Divulgação -

g1

Uma das redes de restaurantes mais famosas do Brasil, o Outback, pode ter uma mudança importante na rota de suas operações no país. A empresa controladora da rede, a Bloomin' Brands, avalia a possibilidade de vender o comando dos restaurantes no Brasil.

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O momento é de queda nas vendas no país e prejuízo da matriz no primeiro trimestre de 2024. (saiba mais abaixo)

"A Companhia anunciou que está explorando e avaliando alternativas estratégicas para as operações no Brasil que tenham o potencial de maximizar valor para nossos acionistas, incluindo, mas não se limitando a, uma possível venda das operações", diz a empresa, em seu balanço corporativo.

Segundo a Bloomin' Brands, isso não significa que as lojas do Outback no país vão fechar. Em nota enviada ao g1, a companhia reitera "o compromisso de manter os restaurantes em pleno funcionamento para continuar proporcionando de forma consistente uma experiência excepcional aos clientes".

A operação brasileira do Outback, na verdade, é a segunda mais importante do mundo para a Bloomin' Brands, atrás apenas dos Estados Unidos, onde fica a sede da empresa.

Em 2023, o resultado das operações internacionais da rede foi de US$ 84 milhões (cerca de R$ 432 milhões), e o Brasil teve uma grande parcela nisso: as lojas brasileiras do Outback respondem por 87% do faturamento internacional.

A Bloomin Brands opera 159 restaurantes do Outback no Brasil, além de 16 unidades da rede Abbraccio e duas da Aussie Grill.

Vendas mais fracas - Apesar da importância do Outback Brasil para a Bloomin' Brands, a companhia estuda a venda do controle da operação porque atravessa uma situação financeira mais desafiadora.

Entre janeiro e março deste ano, a receita global da empresa teve uma queda de 4%, e foi de pouco menos de US$ 1,2 bilhão (ou R$ 6 bilhões). Entre as razões para a queda, a rede destacou vendas mais baixas em nível mundial e fechamento de restaurantes. Nas lojas brasileiras, o recuo foi de 0,7% nas vendas do Outback.

Com tudo isso em conta, a Bloomin' Brands registrou um prejuízo de US$ 83,9 milhões (R$ 432 milhões) no primeiro trimestre, contra um lucro de US$ 91,3 milhões no mesmo período do ano passado (R$ 470 milhões).

A empresa também afirma que o "o impacto da anulação da isenção do imposto sobre valor agregado no Brasil" pesou sobre o balanço. O g1 pediu mais detalhes à Bloomin' Brands sobre quais isenções a companhia considera que afetaram a receita, mas a empresa não respondeu até a publicação desta reportagem.

Em dezembro do ano passado, uma medida provisória enviada pelo governo ao Congresso previa o fim do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse), que teve início na pandemia para impulsionar bares, restaurantes e o setor de eventos.

Mas a medida só passaria a valer a partir de abril deste ano, depois do período de apuração dos resultados do primeiro trimestre da empresa. E, no fim do mês, o governo optou por manter o Perse até 2026.

O que acontece com os restaurantes? O que a Bloomin' Brands estuda é se a venda do controle do Outback no Brasil poderia trazer um fôlego financeiro para a companhia. Nada está definido ainda. A empresa informou que estuda as possibilidades do negócio e que não há prazo para que tome uma decisão.

Enquanto isso, a companhia descarta a hipótese de retirar a marca do país — afinal, é daí que vem boa parte da receita. Passaria, então, de líder da operação para um esquema de licenciamento.

Se a decisão for vender o controle, outras empresas ou fundos precisam mostrar interesse em adquirir o negócio, para que comece todo o processo de diligência e passagem de bastão.

Um caso bastante popular e recente de uma empresa que pode passar o controle da operação brasileira para outro grupo é a Starbucks. A SouthRock, que era controladora da marca no Brasil, passa por um processo de recuperação judicial com uma dívida bilionária.

A SouthRock perdeu o direto de operar a rede de cafeterias no Brasil e, agora, a ZAMP — dona do Burger King e do Popeyes — estuda o negócio para a possível compra das operações.

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