Folhapress
A divulgação de mais um dado negativo da economia americana, dessa vez do setor de serviços, serviu para impulsionar os mercados acionários no mundo e derrubar o dólar para abaixo de R$ 4,10 pela primeira vez em cerca de duas semanas.
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O setor de serviços é o principal segmento da economia americana e seu indicador mensal teve a maior queda desde agosto de 2016. O resultado veio ainda abaixo das expectativas do mercado.
Esses dados negativos se somaram aos indicadores ruins de indústria e de geração de empregos no setor privado americano.
Em vez de deixar investidores preocupados com a desaceleração da economia americana, agora a série de números ruins faz com que eles passem a considerar certo um novo corte de juros no país. Na segunda-feira (30), 39,6% dos entrevistados da Fed Watch esperavam pelo corte contra 92,5% desta quinta. A próxima reunião de política monetária deve ocorrer no fim do mês.
Na última reunião do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), em setembro, os juros foram reduzidos para o intervalo entre 1,75% a 2%.
O movimento, atrelado à ideia de corte dos juros nos EUA, fez com que o dólar caísse frente a todas a moedas de países emergentes. No Brasil, a baixa do dólar chegou a 1,11%, fechando a R$ 4,0890. É o menor patamar desde 18 de setembro.
Para Fernanda Consorte, economista-chefe da Ouroinvest, a queda não se restringe apenas ao possível cenário de corte de juros. Ela explica que o feriado chinês e a valorização da moeda americana em semanas anteriores deu espaço para que o dólar recuasse.
"O dólar se fortaleceu nas últimas semanas, então ele está com uma gordura excessiva. Nessa semana também, com feriado chinês, toda a questão EUA-China saiu um pouco da pauta. Além disso não havia nenhuma reunião monetária. Então o mercado se apegou a dados de alta frequência [indicadores econômicos] que não costuma olhar quando tem coisas mais tensas acontecendo", afirmou.
Com a celebração dos 70 anos da revolução comunista na China, os mercados estão fechados nesta semana. Isso também tirou o peso da disputa comercial travada há mais de um ano pelo presidente americano, Donald Trump, contra os chineses.
As Bolsas americanas começaram o dia em queda, mas viraram o sinal com essa perspectiva de queda de juros. Os índices S&P 500 e Dow Jones ganharam 0,80% e 0,47%, respectivamente, enquanto a Nasdaq avançou 1,12%.
No Brasil, o dia foi de oscilações bruscas. No pior momento, a Bolsa chegou a cair abaixo dos 100 mil pontos, mas houve também momentos de alta durante o dia.
O Ibovespa, principal índice acionário do país, subiu 0,48% e encerrou a 101.516 pontos. O volume de negócios foi de R$ 15,792 bilhões, um pouco abaixo da média diária registrada neste ano, ao redor de R$ 16 bilhões.
A principal queda foi das units (grupos de ações) do BTG Pactual, que cedem 3,78% após a Polícia Federal e o MPF (Ministério Público Federal) de SP realizarem uma operação de busca e apreensão para investigar suspeitas de vazamentos de decisões do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC sobre a taxa básica de juros do país.
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