Redação
Atualizada às 20:09
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Documentos apreendidos pela Polícia Federal, que tratariam de possíveis repasses da Odebrecht para mais de 200 políticos de 18 partidos políticos brasileiros, foram divulgados nesta quarta-feira (23), no blog do jornalista Fernando Rodrigues, do Uol.
As planilhas foram apreendidas na 23ª fase da operação, batizada de Acarajé, em 22 de fevereiro. Conforme o jornalista que publicou o material, apesar da riqueza de detalhes, os documentos não podem ser utilizados como prova de que os beneficiários receberam recursos de forma legal ou ilegal por parte da empreiteira.
Entre os mencionados, estão o presidente do PSDB, Aécio Neves (MG), o vice-presidente do Senado, Romero Jucá (RR), o líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE), e o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), falecido em 2014.
Na lista, outros políticos são tratados também por apelidos. O atual presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), é chamado de “Caranguejo”, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), de “Atleta”, e o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), de “Nervosinho”, por exemplo. O chefe de gabinete da presidente Dilma, Jaques Wagner, é apelidado de “Passivo”.
PSDB
Segundo o blog, aparecem ainda os nomes do ex-governador de Alagoas, Teotonio Vilela Filho, e do atual prefeito de Maceió, Rui Palmeira, ambos filiados ao PSDB. Teotonio aparece relacionado a uma quantia identificada somente como 50, em 2012, e Palmeira, 150 em maio daquele ano, e 350 em 2014. Os documentos não deixam claro se os valores são reais, ou se estariam reduzidos aos números iniciais de montantes maiores.
A papelada foi apreendida por quatro equipes da PF em dois endereços ligados a Benedicto Barbosa Silva Júnior, presidente da Odebrecht Infraestrutura, nos bairros do Leblon e de Copacabana, no Rio. O executivo, conhecido como BJ, foi preso no mês passado, mas já está em liberdade.
Outro lado
A reportagem entrou em contato com a assessoria de Renan Calheiros, que informou que em casos como esse é emitida uma nota pública no site do Senado, mas até o momento não foi divulgado nenhum posicionamento. Mas em entrevista à Folha de S. Paulo, o presidente do Senado negou ter recebido doações ilegais da Odebrecht e disse desconhecer também o apelido pelo qual é chamado nos documentos, "Atleta".
"Mais uma vez, nunca cometi impropriedade. Essas citações, do ponto de vista da prova, não significam nada, absolutamente nada. Sempre me coloquei à disposição, sempre tomei iniciativa para pedir qualquer investigação que cobram. Acho que a diferença é exatamente essa, é ter as respostas", disse à Folha.
A assessoria de imprensa do ex-governador Teotonio Vilela informou que ele está na Itália, mas que deve se pronunciar ainda nesta quarta-feira sobre o assunto.
O prefeito de Maceió se pronunciou por meio de nota à imprensa. Leia na íntegra:
Em relação à postagem do blog do jornalista Fernando Rodrigues, de título “Documentos da Odebrecht listam mais de 200 políticos e valores recebidos” publicada no site UOL em 23 de março de 2016, a assessoria de Rui Palmeira, prefeito de Maceió, afirma que:
1) Todas as doações financeiras realizadas nas eleições de 2012 em prol da campanha do então candidato a prefeito Rui Palmeira são legais, foram declaradas aos tribunais eleitorais e aprovadas sem ressalvas por estas Cortes. Ademais, Rui Palmeira não é investigado em nenhuma apuração acerca de doação ilegal em campanhas e está inteiramente à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos, se necessário;
2) A empresa Odebrecht não consta entre os doadores diretos da campanha de Rui Palmeira em 2012 e a lista completa de doadores da referida campanha pode ser consultada no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na seção demonstrativa das Contas Eleitorais;
3) A mesma consulta ao site do TSE mostra que em Alagoas o Diretório Municipal de Maceió do PSDB recebeu doação de R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais) oriundos da Braskem S/A, empresa controlada pela Odebrecht. No total, o Diretório Municipal de Maceió do PSDB recebeu 1.659.000,00 (um milhão, seiscentos e cinquenta e nove mil reais) em doações, provenientes de diversas fontes doadoras, todas declaradas à Justiça Eleitoral. Esta consulta mostra também que oDiretório Municipal de Maceió do PSDB doou a campanha do então candidato a prefeito Rui Palmeira um total de R$ 718.066,00 (setecentos e dezoito mil e sessenta e seis reais). Igualmente, o Diretório Nacional do PSDB doou a esta mesma campanha eleitoral um total de R$ 2.455.000,00 (dois milhões, quatrocentos e cinquenta e cinco mil reais). Os recursos provenientes do Diretório Nacional do PSDB também têm origem de diversas fontes doadoras;
4) Vale reforçar que no mesmo post, o próprio jornalista Fernando Rodrigues informa que as “planilhas são riquíssimas em detalhes – embora os nomes dos políticos e os valores relacionados não devam ser automaticamente considerados como prova de que houve dinheiro de Caixa 2 da empreiteira para os citados (grifo nosso). São indícios que serão esclarecidos no curso das investigações da Lava Jato”.
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