Do "melhor ano do CRB" aos problemas particulares: Mazola deixa futuro em aberto

Publicado em 24/11/2016, às 20h00

Redação

A entrevista coletiva do técnico Mazola Jr., concedida na tarde desta quinta-feira (24), no CT Ninho do Galo, na Barra de São Miguel, pode ter sido a última do treinador do CRB. Ele avaliou a temporada 2016 como a "melhor da história do clube", comemorou os 100 jogos oficiais à frente do Galo, mas citou problemas pessoais em Campinas-SP e afirmou que a permanência no comando da equipe vai depender da conversa com o presidente Marcos Barbosa. 

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"Não conheço tão a fundo a história do clube, mas conheço a dos últimos anos, penso que é o melhor do CRB na história do clube. Parte financeira, administrativa, crescimento de clube como estrutura, parte de divulgação, penso que nunca se falou tanto do CRB no Brasil e no mundo como neste ano. A simbiose com o torcedor, Rei Pelé praticamente lotado em todos os jogos. Foi um ano fantástico. Título alagoano do jeito que foi. Recordes na Copa do Brasil. Eliminatórias da Copa do Brasil e Copa do Nordeste, CRB não ficou abaixo em nenhum momento para Vasco e Sport, times de Série A. Ia culminar com a Série B, penso que foi o melhor campeonato do CRB na história", disse.

O Galo bateu o próprio recorde de pontuação desde o sistema de pontos corridos na Série B. A melhor campanha em termos de posição, no entanto, vai depender dos resultados da última rodada, quando enfrenta o Luverdense, no Rei Pelé.  

Cogitado pela imprensa do Ceará como alvo do Vozão para 2017, Mazola garantiu que as notícias são apenas especulações. Questionado sobre o legado que deixa no CRB após 100 jogos, ele resumiu com trabalho. 

"Trabalho. Não sou de muita papagaiada de falar de mim e do meu trabalho. Sempre foi muito claro que trabalho para o clube não para mim. Fui muito bem pago para realizar esse trabalho. A gente deixa o principal. Honestidade, trabalho, vontade de vencer e resultando nas conquistas significativas que tivemos".

Confira outros trechos da entrevista coletiva de Mazola Jr. 

Quer ficar no CRB?

"Existem algumas situações particulares minhas que ainda não posso definir. Vai partir tudo desta conversa com o Marcos Barbosa e principalmente com alguns problemas que estou tendo fora do futebol e estão me perturbando bastante. Às vezes temos que botar tudo na balança, conversar de frente com Alarcon Pacheco e Marcos Barbosa, como sempre fizemos, para ver o que é melhor para o CRB".

"Porque também se for para o Mazola ficar no CRB e estar com a cabeça em Campinas, não adianta nada, não vai ser bom para o CRB. Se for para o bem do CRB a gente ficar, muito bem. Se não for para o bem do CRB, também as portas ficam abertas e a gente procura ajudar de uma outra forma".

100 jogos oficiais

"Muito significativo até por serem seguidos. Hoje em dia um treinador conseguir 100 jogos consecutivos numa equipe grande como o CRB, com pressão enorme, é muito difícil. Você só consegue quando tem trabalho de qualidade. Motivo de muito orgulho para mim. Vai ficar marcada na minha carreira. É uma marca realmente muito difícil de ser alcançada em um clube grande. Conseguimos com o trabalho e mérito de todos. Fidelidade do presidente e diretor".

"Momentos muito difíceis nesses 100 jogos que qualquer dirigente demitira um treinador. Acreditaram e tiveram confiança no que fazíamos no dia a dia. Um clube em fase de transição, evolução em todos os aspectos. Mudança de sede, objetivos, várias situações, que se não fosse um trabalho de qualidade, fidelidade, trabalho, hombridade, a coisa não teria funcionado e nenhum treinador teria alcançado esses 100 jogos". 

Arrependimentos?

"Não mudaria nada. Absolutamente nada. Procuramos fazer tudo com o que tínhamos de melhor e de conhecimento. Ninguém se omitiu em nada. Ninguém se omitiu em trabalhar, em ficar horas sem dormir. O sol aqui no CT, que parece ser mais próximo da Terra. Falando a verdade para todo mundo. Não posso me arrepender de nada. Futebol é um esporte e um jogo de alto risco. Acho que acertamos mais do que erramos". 

"Se vencer o Náutico, o CRB sobe para Série A"

"Já ouviu falar em jogo das palavras? A gente sabe lidar bem com aquela situação. Naquele momento eu tinha que chamar a responsabilidade. Não tinha mais ninguém no clube que pudesse fazer aquilo que fiz. Foi proposital. Ganhamos o jogo e deu aquela oxigenada que a gente precisava para os últimos cinco jogos, que são terríveis. Infelizmente tivemos o problema com o Paysandu, que não estava no planejamento. Tivemos uma derrota que não estava no planejamento, muito provocada por problemas externos. Não me arrependo disso. Era o momento de fazer e quem tinha que fazer era eu. Infelizmente com a derrota para o Paysandu foi por água abaixo".

Valorização profissional

"É normal que o mercado, nesta época do ano, atue desta maneira, à procura de profissionais que se destacaram, principalmente na Série B. Para mim as coisas são mais difíceis. Por eu não estar ligado a nenhum empresário forte, nenhum fundo de investimento, as coisas são mais difíceis. Um clube vir atrás de mim por livre e espontaneidade, hoje em dia no Brasil é difícil".

"A maioria está envolvida com o negócio futebol. Como não estou envolvido com o negócio futebol, normalmente costumo ficar de fora nessas situações. Tive uma experiência muito conclusiva quando fiz aquele trabalho no Paysandu e fiquei desempregado depois. Fiz aquele trabalho no Sport e fiquei desempregado".

Estilo paizão? Aqui não!

"Não acredito nisso. Acredito em profissionalismo. Aqui não é família. Essa história de família é tudo barca furada. Não existe família que não ganha. Não existe grupo unido, não existe nada disso se o time não ganhar. Eu não penso assim e não vou mudar. Estilo de paizão não tenho nem com o meu filho. A forma que eu trato os jogadores, trato o meu filho. Com respeito, cobrança diária sim, para que as coisas deem certo".

"Não gosto de perder. Odeio perder. Odeio coisa errada e odeio preguiça. Esse negócio de paizão não é comigo não. Sou pai do meu filho, Vinícius Godoi, preparador físico do Sub-17 da Ponte Preta, e vai ser um dos maiores do Brasil. Esse aí sou pai. Agora, de jogador ou de outra pessoa não sou pai, não. Nem quero ser".

Extracampo de jogador

"Sou profissional. Sou subordinado ao presidente, diretores e gerentes. Sou o responsável por comandar um grupo de jogadores. Normalmente, aqui no Brasil, jogador é muito apadrinhado. Muito protegido. A lei o protege demais. Até pelo que envolve o jogador de futebol aqui. Em outros lugares é o clube em primeiro lugar, em segundo e em terceiro. Aqui não. Aqui é primeiro o jogador".

"Por isso os clubes estão nessa situação e os empresários cada vez mais ricos. Não estou aqui para ser pai de ninguém. Estou aqui para ser profissional, cobrar e exigir essas situações. No meu modo de entender não existe qualquer atividade profissional que não haja disciplina, comando, regras e profissionalismo. Procurei sempre fazer isso. Até pela fama, currículo ou histórico de jogadores que tivemos aqui esse ano, penso que as coisas ocorreram muito bem, tivemos pouquíssimos problemas dentro de campo, do dia a dia de trabalho e nos jogos".

"Se houve problemas foi no extracampo. Aí não me diz respeito. Neste ponto, vamos dizer assim, sou paizão extracampo. Porque pra mim o que eles fazem do muro para fora não interessa nada. O que interessa é o rendimento dentro de campo. Houve problemas fora de campo, fora do CRB. Aqui dentro nada. Atrapalhou com certeza, não tenha dúvida. Hoje em dia com o futebol desse nível, Série B com três jogos na semana, viagem doida, logística horrorosa... Se o cara não tiver uma vida regrada fora, não pode, principalmente se tiver idade avançada. Reflete dentro de campo, não tenha duvida. Não refletiu no meu trabalho, mas na performance dele refletiu bastante". 

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