Do mar para o digital: Festa das Águas ganha versão online

Publicado em 08/02/2021, às 10h00
Foto: Divulgação -

Assessoria

Em 2007, quando o percussionista Wilson Santos e o antropólogo e produtor cultural Christiano Barros, em conversa nas dependências do Centro de Belas Artes de Alagoas – Cenarte, situado na rua Pedro Monteiro, 108, decidem realizar atividade cultural no dia 8 de dezembro de 2007, na orla da Pajuçara, surge o evento que resultaria na Festa das Águas, ainda sem nome, à época. Em 2009, a ação é ampliada e ganha a adesão de diversos grupos, que passam a se envolver e contribuir na organização da festividade repleta de simbologia, identidade, cultura e história. Em 2010, recebe o nome de Festa das Águas. Como uma raiz que se finca, fortalece e dá frutos, hoje é o principal festival afro percussivo de Alagoas.

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“A primeira manifestação aconteceu quando decidimos levar alguns grupos percussivos à praia no Dia de Iemanjá para fazer uma batucada acampada em homenagem a ela e a Nossa Senhora da Conceição. Levamos três grupos e fizemos uma roda de batuque. Isso se repetiu anos depois com o número de grupos sempre crescendo, chegou a hora de dar nome ao movimento e daí surge uma reflexão sobre a ação, eu levantei e disse: "a cidade é cercada de água, podemos colocar o nome de Festa das Águas e assim ficou. Ao longo dos anos, sempre tentamos fazer a intervenção de forma colaborativa e coletiva tentando envolver os coordenadores dos grupos na pré-produção e tudo na intenção de criar uma atmosfera de empoderamento popular em torno da festa”, contou o produtor artístico, percussionista, professor e coordenador da Orquestra de Tambores de Alagoas, Wilson Santos.

Foram realizadas 11 edições presenciais. Como a festa não pôde acontecer na data que se tornou tradição, no dia 8 de dezembro, em 2020, por causa da pandemia, veio a ideia de adaptar seu formato à nova realidade. Com a aprovação da Lei Aldir Blanc de Apoio à Cultura, o projeto da festa foi inscrito no edital Dinho Oliveira, da Secretaria de Cultura do Estado de Alagoas (Secult) e selecionado.

A partir de então, a produção do evento entrou em ação para formatar, planejar e executar as atividades. Ao todo, 15 grupos afro percussivos, a maioria ligada à casas de axé, participaram: Afoxé Povo de Exu; Afoxé  Odô Iyá; Afoxé Oju Omim Omorewa; Afoxé  Ofá Omin; Samba de Terreiro K'Posú; Coletivo AfroCaeté; Maracatu Baque Alagoano; Banda Ogbon; Afro Afoxé; Afro Zumbi; Afro Mandela; Afro Dendê; Orquestra de Tambores; Árà Funfum Ómàngèré - Inaê; Afojubá; e Thembá, cujos integrantes contaram um pouco de sua história e apresentaram sua musicalidade nas filmagens. Os grupos se dividiram em cinco dias de gravações, cumprindo o protocolo sanitário, no palco centenário do Teatro Deodoro, com o apoio da Diretoria de Teatros do Estado de Alagoas (Diteal).

“Para nós é um grande desafio, são mais de 10 anos fazendo de forma presencial, agora estamos com essa missão de realizar a festa em outro formato, sem público presencial. A ideia é que a Festa das Águas aconteça no dia 21 de março - Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, mas pretendemos começar a publicar antes, a partir de 10 de março, um vídeo por dia até 21 de março com uma ação marcando a data”, explica o produtor executivo, Christiano Barros. 

Atualmente, a equipe de edição trabalha na finalização dos clipes e a produção segue para elaborar as atividades do dia 21. Os vídeos serão publicados nas redes sociais da Festa das Águas e você já pode acompanhar um histórico e informações sobre o evento pelos links: https://instagram.com/festadasaguas_al?igshid=zv5ew7h7ueog e https://www.facebook.com/festadasaguasmaceio/ .

Assim como nos anos anteriores, a expectativa é de que o público contemple as ações culturais, se sinta parte desta história, se identifique com o batuque e todo o seu universo ao redor e, desta vez, a festa ficará com seus registros eternizados em rede mundial, propagando a cultura e a arte afroalagoanas.

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