Dia Nacional da Adoção: menos exigência no perfil das crianças pode acelerar processo

Publicado em 25/05/2018, às 18h17

Redação

Menina branca, com menos de três anos, saudável. Esse é o perfil mais procurado pelos interessados em adotar no Brasil. Embora haja 180 habilitados para adoção em Maceió, cerca de 30 crianças disponíveis nos abrigos da Capital não têm grandes chances de serem adotadas. Elas não fazem o perfil predominantemente escolhido, têm mais de cinco anos, são negras e algumas delas apresentam problemas de saúde.

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No Dia Nacional da Adoção, comemorado nesta sexta-feira (25), a juíza Fátima Pirauá, titular da 28ª Vara Cível da Capital - Infância e Juventude, faz um apelo aos inscritos no Cadastro Nacional da Adoção para dar uma chance às crianças mais velhas, “fora do padrão”.

“Se a pessoa já está com o coração aberto para acolher uma criança no seu seio familiar, se ela já está com o coração cheio de amor, solidariedade, de compartilhar sua vida com a vida de uma criança, que ela abra um pouco mais seu coração, veja o papel social importantíssimo que ela tem. Adotar é um ato de amor, mas é um ato também de mudar o destino, a vida de uma pessoa e isso tem uma repercussão social muito importante”, disse a magistrada.

Como adotar?

Segundo a magistrada, os interessados devem procurar a 28ª Vara Cível da Capital para pegar uma lista de documentos obrigatórios e certidões que precisam apresentar para se inscreverem. Também é recomendável pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que essas pessoas visitem abrigos, unidades de acolhimento de crianças maiores, a fim de conhecer e “abrir um pouco o perfil”.

Os interessados ainda passam por um curso preparatório psicossocial e jurídico. Além disso, é necessário frequentar, pelo menos, duas reuniões do Grupo de Apoio à Adoção da unidade judiciária.

“O grupo de adoção compartilha boas soluções e comentários tanto para quem adotou, como para quem quer adotar. As pessoas que estão no grupo têm a condição de relatar o que é adotar, o que é esperar pela adoção, que apesar de ser uma coisa angustiante, é também uma coisa que traz muitas recompensas, muita felicidade. Então, quando os adotantes participam desses grupos, eles se fortalecem bastante”, explicou.

Apadrinhamento

Já as pessoas que não querem adotar, mas desejam contribuir com o futuro das crianças e adolescentes que se encontram em abrigos, podem participar do projeto de apadrinhamento.

Para participar do projeto, é necessário dirigir-se à 28ª Vara Cível, que funciona na rua Hélio Pradines, nº 600, na Ponta Verde,e ser entrevistado pela Coordenação do Projeto. Existem três tipos de apadrinhamento: afetivo, social e financeiro.

O apadrinhamento afetivo é aquele em que o padrinho ou madrinha pode levar a criança ou o adolescente para casa, shopping, cinema, fazer um passeio, em datas comemorativas essa criança ir almoçar ou jantar com essa pessoa.

“Desse jeito, forma um vínculo afetivo entre padrinho e madrinha, que muitas vezes pode resultar em uma adoção. Nós temos casos, inclusive, de casais que apadrinharam e hoje estão querendo adotar um grupo de três irmãs”, contou a magistrada.

Para Fátima Pirauá, essa iniciativa supre, de certa maneira, o direito constitucional das crianças se relacionarem com uma família, com a sociedade, fora da unidade de acolhimento.

Já o apadrinhamento financeiro é aquele em que o interessado contribui para que a criança ou o adolescente estude em uma escola particular, faça um curso de capacitação, de línguas ou outro suporte.

No apadrinhamento social, um profissional dá o seu serviço para aquela criança ou adolescente ou para o próprio abrigo. Neste caso, um dentista pode se disponibilizar para fazer o tratamento dentário de alguma criança, por exemplo. A magistrada Fátima Pirauá deu como exemplo cabeleireiros que vão cortar os cabelos das crianças nos abrigos e ainda ensinam o ofício aos maiores.

Jovem Aprendiz

A lei nº 10.097/2000 diz que empresas de médio e grande porte devem contratar jovens com idade entre 14 e 24 anos como aprendizes. O contrato de trabalho pode durar até dois anos, dando a oportunidade do primeiro emprego.

A magistrada Fátima Pirauá destacou a importância de os adolescentes, que serão desligados dos abrigos de acolhimento ao completarem 18 anos, participarem de projetos como o Jovem Aprendiz, a fim de que possam se inserir na sociedade e prover a sua própria subsistência.

“Já temos parceria com o Tribunal de Justiça, teremos brevemente com o Cesmac, com o Tribunal de Contas e tantas outras empresas que estão aptas. Fazemos um apelo aos empresários que entendam o papel social de prover a esses jovens a oportunidade, porque se não fizermos isso, certamente, no futuro, poderemos engrossar essa fileira de jovens infratores”, destacou.

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