Gilson Monteiro
Desde o início do mês de setembro, o litoral do Nordeste, cartões postais da região e verdadeiros santuários ecológicos, começou a ser invadido por manchas escuras, já identificadas como petróleo cru. Segundo os números atualizados nessa quinta-feira, 03, pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), a sujeira atinge 124 praias nos 9 estados nordestinos.
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Ao alcançar o litoral, as manchas atingem e matam espécies em extinção, produzindo imagens dramáticas de animais que agonizam e morrem em contato com a substância.
Segundo o monitoramento da fauna feito pelo Ibama, pelo menos 12 animais foram atingidos pelo óleo, entre tartarugas-verde, tartarugas-oliva e um exemplar da ave bobo-pequeno. As duas primeiras sofrem risco de extinção. A maior parte dos animais foi achada sem vida. Algumas espécies não foram identificadas.
A Chelonia Mydas, conhecida popularmente como tartaruga-verde, é classificada no índice Vulnerável (VU) à extinção pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) com base nos dados do Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade. O animal chega a medir 143cm e pesar 160kg. Foram encontradas espécies mortas em praias de Fortaleza (CE) e do Rio Grande do Norte.
Duas tartarugas-verde foram encontradas sem vida. Foto: Projeto Tamar |
Também ameaçada de extinção, tartarugas-oliva foram encontradas mortas pelo óleo nos litorais do Ceará e do Piauí. Alguns exemplares resistiram e foram resgatados com vida em praias do Ceará e do Rio Grande do Norte.
Classificada no parâmetro “Em Perigo de extinção” pelo ICMBio, a espécie mede aproximadamente 72cm de comprimento, pesando cerca de 42kg. A área de desova ocorre desde o sul de Alagoas, Sergipe, até o litoral norte da Bahia.
Quatro tartarugas-oliva foram localizadas; duas delas mortas. Foto: Projeto Tamar |
Um exemplar da ave bobo-pequeno (Puffinus puffinus), que segundo o Atlas de Registros de Aves Brasileiras é comum na região de Piaçabuçu, em Alagoas, foi encontrado morto na Praia de Cumbuco, litoral do Ceará.
A ave, que não está em risco de extinção, é conhecida por habitar o litoral brasileiro desde a época do descobrimento, quando Pero Vaz de Caminha registrou a presença dos furabuchos, outro nome popular da espécie.
Presente no Brasil desde a época do descobrimento, bobo-pequeno não suportou a poluição. Foto Arquivo: Mike Baird/Flickr |
Polícia Federal investiga caso
Na última terça-feira (1º), uma reunião realizada no Recife, em Pernambuco, com representantes de seis dos nove estados nordestinos debateu estratégias para pelo menos reduzir os danos causados pelas manchas de óleo. Outra questão crucial é a identificação da origem desse material poluente. Do encontro saiu uma denúncia formalizada à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal.
Já na quarta-feira (2) a Polícia Federal do Rio Grande do Norte comunicou que um inquérito foi instaurado para investigar a origem das manchas. Mas a apuração sobre a possibilidade da ocorrência de dano ambiental começou no mês passado.
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