Deficiente auditiva tem parto com auxílio de intérprete de libras em Maceió

Publicado em 26/10/2023, às 10h56
A intérprete Patrícia Gonçalves auxiliou Isabel no momento do parto | Foto: Cortesia / Ascom Santa Casa -

Ascom Santa Casa

Pedagoga, Isabel tem 33 anos e ensina crianças surdas no atendimento educacional especializado. Aos 33, Gabriel trabalha no estoque de uma loja no Centro de Maceió. Em comum, além da idade, está o fato de serem deficientes auditivos e terem se tornados pais, na última segunda-feira (23), de uma menina.

LEIA TAMBÉM

Para auxiliar na hora do parto, realizado na Santa Casa Nossa Senhora da Guia, no bairro do Poço, o casal contou com intérpretes de libras, que foram a ponte entre os futuros pais e a equipe médica e assistencial. A presença desse profissional é estabelecida pela Lei Brasileira de Inclusão.
“As profissionais foram enviadas pela Secretaria da Cidadania e da Pessoa com Deficiência (SECDEF) após contato com o Serviço Social do hospital, que fez o acolhimento e mediação. Nos certificamos de que a paciente se sentisse acolhida em um momento tão importante de sua vida. Demos espaço e condições para o trabalho das intérpretes, sempre pensando na humanização na assistência ao parto e no puerpério”, disse Thaísa Costa, assistente social da Santa Casa Nossa Senhora da Guia.

Isabel relatou que as intérpretes chegaram em uma determinada fase do pré-natal. Até lá, sem ter alguém para traduzir seus questionamentos e lhe repassar o que era dito, as consultas eram só com a enfermeira, o que tornava a comunicação complicada. “O posto de saúde me atendia bem. Mas, no início, sem a intérprete, o atendimento era só com a enfermeira e nem tudo ficava claro para mim, pois a profissional não sabia a linguagem de libras. Quando eu consegui a intérprete foi muito melhor, não tive mais prejuízo. Me senti segura em cada detalhe. Tudo o que ela me explicava, me era passado exatamente igual. Foi uma relação de parceria e cooperação. Foi muito bom”, contou.

(Foto: Cortesia / Ascom Santa Casa )
(Foto: Cortesia / Ascom Santa Casa )

O momento do parto, para Isabel, foi um capítulo à parte: maravilhoso. “Tive duas intérpretes, a Patrícia e a Bárbara, que se revezaram e me acompanharam em tudo. Durante o parto, a Patrícia ia me descrevendo o que eu não poderia saber sem ela. Por exemplo: os médicos conversavam, ela escutava e me passava as orientações do obstetra, da anestesista. Eu não posso dizer que tive traumas no meu parto, ao contrário, foi muito tranquilo com a presença da intérprete. Da Santa Casa Nossa Senhora da Guia, a avaliação é ótima. A comunicação foi clara. Sempre que alguém da equipe passava e perguntava se eu estava bem ou ia fazer algum procedimento, Bárbara colocava sua voz e me deixava segura”, destacou a mãe de primeira viagem.

Patrícia Gonçalves, que trabalha há 9 anos como intérprete, viveu a experiência de atuar pela primeira vez em um parto. “A acompanhei no posto de saúde, onde a referência era a Santa Casa Nossa Senhora da Guia. A maior dificuldade é ter acesso livre do intérprete no espaço que ele precisa, mas, através da SECDEF, pudemos reativar esse serviço, assim proporcionando acesso em qualquer lugar que o surdo precise. As pessoas precisam entender quem é o profissional e a importância dele na vida do surdo”, conta Patrícia.

A profissional destaca que a necessidade do intérprete é crucial em diversas situações. “Acredito que as principais são na saúde, justiça, e em delegacias, que são as nossas maiores solicitações de atendimento. No caso da Isabel e do Gabriel, se eu não estivesse no momento no parto, eles não teriam acesso claro às informações que ela precisava, bem como entender a importância da decisão médica da cesariana, a importância da amamentação, dentre outros assuntos. O surdo tem sua cultura e língua, eles precisam e têm o direito de uma comunicação fluída, é um momento delicado e único da vida deles, quanto mais acessível, melhor”, concluiu.

Mas, como duas pessoas nascidas no mesmo ano e com a mesma deficiência poderiam se aproximar durante a pandemia? Isabel tem a resposta. “Conheci meu marido pelo Instagram. Já tinha visto algumas fotos dele, mas sem contato. Foi então que começamos a interagir durante a pandemia, até que marcamos de nos encontrar. Começamos a namorar, noivamos e casamos. Estamos juntos há 3 anos e 3 meses”, finalizou Isabel.

Gostou? Compartilhe

LEIA MAIS

Mais de 150 moradores em situação de rua participam de ceia de Natal no Centro de Maceió Véspera de Natal vai contar com parada natalina na orla de Maceió Natal e Ano Novo: confira os horários de shoppings e do Centro de Maceió Carro atinge ponto de ônibus e lanchonete após motorista dormir ao volante, em Mangabeiras