Crise no Brasil e na Venezuela faz a pobreza aumentar na América Latina

Publicado em 23/12/2017, às 14h21

Redação

A pobreza na América Latina cresceu em 2016 e alcançou 30,7% da população, principalmente pelo revés econômico no Brasil e na Venezuela, que reduziu a média regional, informou na quarta-feira 20 um relatório da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe.

LEIA TAMBÉM

A pobreza média na região "sobe basicamente por causa de dois países, que são justamente Brasil e República Bolivariana da Venezuela", disse Alicia Bárcena, secretária-executiva da Cepal.

Bárcena explicou que em ambos os países a pobreza cresceu mais do que no resto da região, em meio a fortes retrações econômicas, contrastando com a tendência geral de reduzir o problema graças a políticas redistributivas e melhoria dos salários.

A taxa de 30,7% indica que 186 milhões de latino-americanos são pobres, um aumento ante os 28,5% (168 milhões) de 2014. A pobreza extrema alcançou em 2016 a 10% da população, equivalente a 61 milhões de pessoas, piora diante dos 48 milhões (8,2%) do período anterior.

Crianças e adolescente são mais afetados

O "Panorama Social 2017" da Cepal também revelou que crianças e adolescentes, com idades entre 0 e 14 anos, são o grupo mais afetado pelo problema, pois representam 46,7% do total dos pobres e 17% dos extremamente pobres.

O fato de que a pobreza tem a face de uma criança é muito preocupante na região. "Crianças e jovens ainda são nosso calcanhar de Aquiles", disse Bárcena.

Outros grupos vulneráveis são mulheres e a população de áreas rurais. O estudo indica que a pobreza extrema aumenta entre as mulheres em idade produtiva, uma tendência que, longe de diminuir ou estabilizar, se acentuou, afirmou.

Progressos foram registrados entre 2002 e 2014

A redução notável dos índices de pobreza e pobreza extrema registrada entre 2002 e 2014, com progressos similares em toda a região, perdeu ritmo em 2015 e 2016, ano em que a economia latino-americana recuou 0,9%, indicou Bárcena.

Ela antecipou que a taxa vai continuar estável em 2017 porque a América Latina mostrou uma tendência a recuperar o crescimento econômico que "representa um papel muito importante" para amenizar o problema.

A Cepal alertou também para os desafios futuros aos sistemas de aposentadoria da região, considerando que, para 2040, a população de 60 anos ou mais vai superar a de 0 a 14.

"Somos uma região que está envelhecendo e temos desafios muito importantes", disse Bárcena, destacando que 142 milhões de pessoas economicamente ativas ainda não têm cobertura nos sistemas de previdência social.

Gostou? Compartilhe

LEIA MAIS

Teto do INSS sobe para R$ 8.157,40 em 2025 Clima, dólar e preço da carne explicam inflação acima da meta em 2024 Veja como fica o desconto do INSS no seu salário em 2025 Teto de juros do consignado do INSS subirá para 1,8% ao mês