TNH1 com TV Pajuçara
O terceiro e último episódio da série especial "Crack - do vício ao crime", exibido pelo Fique Alerta, mostrou nesta quarta-feira, 26, o processo de ajuda e a luta dos usuários para superar a dependência da droga.
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A reportagem conversou com personagens que estão envolvidos em todo o processo. Um ex-usuário contou que a desconfiança dos familiares na etapa de desintoxicação é um dos momentos mais difíceis.
"Todos que vivenciam dentro dessa realidade não querem continuar nela. A gente quer um meio para sair. Como a família da gente não consegue lidar com a gente, nós nos afastamos. E muitos precisam realmente de um certo apoio. Não dentro da família, porque às vezes a própria família bota a perder o dependente químico, que é o escravo da droga. Eles acabam apostando: 'Ah, ele quer ser bonzinho. Não dou uma semana para ele recair, não dou um mês. Isso é manipulação, é ideia, logo, logo ele está na droga de novo'".
Os Centros de Acolhimento são a porta de entrada para os que procuram o tratamento. "O serviço é de porta aberta, muitos familiares acompanham os usuários no procedimento de triagem, mas não precisa de encaminhamento nenhum", explicou Juliana Gomes, coordenadora do Centro de Acolhimento.
A ajuda também pode ser consultada por meio dos números 0800 280 9390 ou 3315-1913. "Temos equipes compostas por profissionais de psicologia e de serviço social que vão onde essa pessoa estiver", complementou Juliana.
Primeiro passo para fugir das drogas - Em Alagoas existem cerca de 30 comunidades terapêuticas que oferecem tratamento custeado pelo Estado. A adesão é voluntária e o dependente pode ficar até quatro meses na instituição.
"O primeiro passo é a desintoxicação. A gente orienta que o acolhido vá até Unidade de Pronto Atendimento para fazer uma desintoxicação física. E depois ele retorna à comunidade. Fica dois dias na comunidade sem participar das atividades. Depois disso, quando estiver reabilitado fisicamente, vai adentrar no programa terapêutico", detalhou Diogo Anderson, psicólogo do Centro de Acolhimento.
"Sozinho, você não vai conseguir. A gente trabalha muito a questão do isolamento deles, da depressão, de outras comorbidades que se apresentam na abstinência. Quando eles estão em uso de drogas, fisicamente e mentalmente eles não sentem muitas coisas. Mas aqui eles vão saber lidar com sentimentos, que a droga não os deixavam mais sentir. A droga deixa a pessoa na sarjeta, tira toda a humanidade. Aqui eles se sentem humanos, se sentem valorizados".
Reabilitação é o caminho - Um outro personagem da série especial ressalta que, ainda aconteça recaída, o passo de procurar novamente ajuda é a única saída. É o exemplo do designer Egídio Félix, que pela segunda vez passou por uma comunidade terapêutica. A última foi em 2017.
"É a prepotência, a autossuficiência, o auto engano de achar que pode voltar a beber, voltar a sair para os mesmos lugares, ambientes e com pessoas que não evitei quando retornei ao mercado de trabalho. Resolvi, conversei com meus familiares, com a minha mãe, como aqui é uma instituição voluntária, pedi ajuda. Já conhecia o trabalho daqui e sabia que poderia recuperar minha vida de volta".
"É um nascer de novo. A gente chega aqui com aquela luz no fundo, sabendo que há esperança, porém, tão entristecido devido ao álcool e às drogas. Agora sinto que estou pronto para voltar ao mercado de trabalho e ao convívio familiar. Eu me permito (uma nova chance), acredito em mim, sei que eu posso", Egídio Félix.
A série tem produção de Teresa Cristina, reportagem de Maria Maciel, edição de texto de Vera Valério, Danielle Silva e Ivan Lemos, edição de imagens de Wando Cajueiro, imagens de Wellington Soares e Edmilson Nunes, e apoio técnico de José Santos, o Zeca.
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