Consciência Negra: médicos alagoanos refletem sobre a data e destacam importância da educação para desconstruir o preconceito

Publicado em 23/11/2020, às 19h01
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Assessoria Hapvida

O Dia da Consciência Negra foi celebrado no último dia 20, mas as atividades relacionadas à luta e resistência do povo negro duram o mês inteiro. A data é uma alusão à morte de Zumbi dos Palmares, último líder do quilombo dos Palmares, assassinado em 1695.

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Com o objetivo de reafirmar o seu compromisso com a igualdade social e combate a qualquer tipo de preconceito ou descriminação, o Hapvida Maceió entrevistou dois médicos da rede, que conhecem bem o que é ser negro em um país que grita por liberdade.

Gleydson Lima é otorrinolaringologista e Wellington Moreira da Silva é residente em medicina do trabalho. Eles contam os desafios de suas carreiras e refletem sobre a data: "é preciso ser julgado pelo caráter, e não pela cor da pele".

Medicina é amor e também é resistência

Gleydson Lima tem 40 anos e é natural de Feira de Santana, na Bahia. É otorrinolaringologista do Hapvida em Maceió. Ele, que já acumula 10 anos de experiência na área, destaca a relevância do mês da consciência negra não apenas para a comunidade médica, mas para a sociedade em geral.

"Os negros foram e continuam sendo importantes para a formação social, histórica, econômica e cultural do nosso país. Infelizmente, nós ainda enfrentamos obstáculos concretos no acesso a bens, serviços e direitos", reflete o profissional.

As desigualdades sociais no Brasil são atuais. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apesar de mais da metade dos brasileiros serem negros (54%), são os brancos que ocupam as maiores parcelas nos índices econômicos e sociais, como renda familiar e acesso à educação.

Apesar dos números pouco animadores, o otorrino afirma que os médicos negros colecionam algumas conquistas, mas existe um longo caminho pela frente. "A atuação de médicos negros aumenta a cada ano, mas precisa ser mais expressiva. Investir na educação de base pode eliminar desigualdades historicamente acumuladas e garantir mais oportunidades", avalia.

"Eu vivo o dia da consciência negra todos os dias"

Já o médico Wellington Moreira da Silva, 34, nasceu no município de União dos Palmares, Alagoas. Ele trabalha na área de urgência e emergência do Hospital Maceió e, atualmente, também é médico residente em medicina do trabalho.

Para ele, o grande desafio de ser um médico negro é estar em uma posição que poucos de sua origem assumem. Ele afirma ser grato ao Sistema Hapvida e conta que conseguiu mudar a vida da sua família com o suor de seu trabalho.

“Hoje eu posso contribuir para que meus pais e irmãos tenham oportunidades. Eu represento outras pessoas negras e estou aqui para mostrar que podemos assumir nosso lugar onde quisermos”, diz.

O médico acredita que é necessário maiores investimentos em educação pública de qualidade, além de projetos específicos voltados à comunidade negra.

 "Eu vivo o dia da consciência negra todos os dias. Eu sinto muito orgulho do profissional que me tornei. Espero que o meu testemunho possa incentivar as outras pessoas a resistirem e a lutarem pelos seus sonhos", finaliza.

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