Redação
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Você já ouviu falar em tristeza pós-sexo? Parece contraditório, mas esse desconforto afeta muita gente. Até recentemente, acreditava-se que a disforia pós-sexo (ou depressão pós-sexo) era uma situação que afetava exclusivamente mulheres. Mas um novo estudo, publicado no periódico Journal of Sex & Marital Therapy aponta que esse tipo de tristeza também afeta os homens.
De acordo com os resultados, 41% dos homens entrevistados já experimentaram disforia pós-sexo (PCD, na sigla em inglês) em algum momento da vida. Pesquisas anteriores feitas com mulheres mostram um percentual de até 46%. Até recentemente, a maioria dos estudos sobre disforia pós-sexo era focada no sexo feminino devido a crença de que era um condição que acometia apenas mulheres.
Além de tristeza, vergonha e ansiedade – comuns a quem sofre da condição -, algumas pessoas ainda podem ficar irritadas e agir de forma abusiva física ou verbalmente. Segundo especialistas, as causas podem estar relacionadas a processos hormonais e estresse psicológico.
Os psicólogos da Universidade de Tecnologia de Queensland, na Austrália, responsáveis pelo novo estudo, entrevistaram 1.208 homens de 78 países. As respostas revelaram que os entrevistados tinham preferência por não serem tocados ou queriam ficar sozinhos depois do sexo. Outros confessaram vivenciar sentimentos de insatisfação e irritabilidade. A frequência com que experimentavam isso mostrou-se variada: 4% relataram experimentar PCD regularmente, 20% tiveram ao longo do mês que antecedeu a pesquisa e 41% disse ter vivenciado a depressão pós-sexo pelo menos uma vez na vida.
Segundo o site especializado Medical Daily, os participantes usaram palavras como “sem emoção” e “vazio” para descrever a própria experiência. “Tudo o que eu realmente quero é sair e me distrair, esquecer tudo de que participei”, disse um dos entrevistados durante a pesquisa. Em investigações anteriores com o público feminino, os resultados foram similares: entre 33% e 46% das mulheres já passaram por isso em algum momento da vida, enquanto 5% a 10% afirmaram ter apresentado os sintomas várias vezes durante o mês que precedeu o estudo.
Os autores do relatório comentaram que a experiência masculina pós-sexo é muito mais variada, complexa e apresenta muito mais nuances do que se imaginava anteriormente. “Nós especularíamos que as razões são multifatoriais, incluindo fatores biológicos e psicológicos”, disse Robert Schweitzer, professor da Escola de Psicologia e Aconselhamento da Universidade de Tecnologia de Queensland, ao Medical Daily.
Em entrevista à BBC, Fernando Rosero, especialista em saúde sexual, explicou que a disforia pode estar relacionada a um processo hormonal na amígdala neural, estrutura do cérebro responsável por regular sentimentos e emoções. De acordo com ele, durante a relação sexual, a amígdala pode reduzir sua atividade e, depois do ato, ser reativada.
Os níveis hormonais depois do orgasmo também mudam e vão decaindo do extremo prazer para outras sensações, fato que pode explicar a tristeza em alguns casos. Outras pessoas podem ter preferência por se isolar depois do sexo.
Entretanto, o transtorno também pode estar ligado ao estresse psicológico, outras disfunções sexuais ou fatores culturais. “A disforia pode ser ainda produto de uma educação sexual muito opressiva, em que o sexo possa gerar questionamentos ou angústia para a pessoa”, explica Rosero.
O especialista ainda diz que o sexo tem que ser uma relação de bem-estar e prazer; quando o indivíduo experimenta qualquer sintoma de PCD é um claro alerta de que é preciso procurar ajuda médica. O tratamento para disforia pós-sexo é feito de maneiras variadas de acordo com a necessidade dos pacientes.
Os pesquisadores esperam que os resultados do estudo possam encorajar conversas sobre as expectativas sexuais em torno dos homens e também possa influenciar futuras terapias.
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