Concurso de Monografia do Arquivo Público de AL potencializa contribuição a gestores

Publicado em 31/01/2020, às 19h57
André Palmeira - Agência Alagoas -

Agência Alagoas

As dependências do Arquivo Público de Alagoas (APA), onde estão guardados um tesouro de mais de três milhões de documentos  — fruto de 58 anos de existência —  foi a grande inspiração para três jovens pesquisadores conseguirem galgar os primeiros lugares no terceiro concurso de monografia d de Alagoas.

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Foi lá, no cenário que resguarda e preserva a reminiscência administrativa e histórica da população alagoana em meio a fotografias, mapas, jornais, livros, cartões postais que compõem as memórias e registros que os pesquisadores Tharcila Maria Soares, Adriana Guimarães Duarte e Lydio Alfredo Rossiter venceram o certame, cujo resultado final foi homologado e publicado no Diário Oficial do Estado (DOE) no dia 26 de dezembro de 2019.

Primeira colocada, Tharcila venceu com o tema “Urbanizar” a Vegetação: O Ideário dos Agentes Construtores de Maceió-Alagoas no Século XIX; a segunda colocada, Adriana, abordou “Referências Culturais Enquanto Processo Histórico de Ocupação no Litoral Norte de Maceió: Em ameaça ou em nova acomodação?”. Já a Menção Honrosa saiu para Lydio com “Casos de Vida e Morte” - Ciclos Epidêmicos e Administração das Freguesias no Contexto de Embate entre o Regalismo e o Ultramontanismo em Alagoas.

Arquiteta e urbanista, doutora pelo Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e professora do Curso Superior de Tecnologia em Design de Interiores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Alagoas (IFAL), Tharcila resume assim o seu trabalho: “Este trabalho é decorrente da minha tese de doutorado em Arquitetura e Urbanismo da Ufal e consiste em um estudo histórico sobre a construção cultural entre sociedade e vegetação a partir dos ideários dos agentes construtores da cidade de Maceió durante o século XIX, contribuindo com o debate sobre a inserção e a preservação da arborização e dos espaços ajardinados na cidade”, explica Tharcila.

Ela ressalta que a escolha por esta temática se deu ainda durante o curso de mestrado, com a descoberta de uma rica ‒ e inédita ‒ documentação existente no APA. “Naquele momento, a leitura de uma pequena parte dessa documentação, que tratava especificamente dos jardins públicos de Maceió, chamou a atenção para a existência desses locais, ainda pouco estudados, suas características espaciais, suas funções e sua importância para a história da cidade. Com o ingresso no doutorado, esta pesquisa foi aprofundada e complementada, gerando o trabalho”, completa a primeira colocada.

Já a segunda colocada, a também arquiteta graduada, mestra e doutora em Urbanismo pela Ufal, Adriana destaca que sua pesquisa contribui para suscitar nos gestores públicos a consciência e reflexão das questões pertinentes à mobilidade urbana. “No meu trabalho, o edital permitiu que eu atingisse e provocasse uma conexão com a sociedade com um tema tão recorrente na sociedade atual e cuja pesquisa serve para colaborar socialmente com o intuito de atingir um público maior”, ressalta Adriana.

Para Lydio, um dos focos de sua pesquisa é chamar atenção para as lacunas do processo histórico ainda pouco ou nada explorado. “Na pesquisa, chamo atenção para a formação das elites locais”, informa o bacharel em História pela Ufal.

Trabalhos subsidiam decisões dos gestores públicos

As monografias classificadas em primeiro e segundo lugar, além da menção honrosa, serão publicadas pelo Governo do Estado, por meio do Arquivo Público. E para cada edição de 500 exemplares, 10% da tiragem serão destinadas ao autor e os demais serão de propriedade do APA.

Segundo a bibliotecária e superintendente do Arquivo Público, Wilma Nóbrega, facultar aos profissionais e estudantes de universidades públicas e privadas de Alagoas a oportunidade de apresentarem suas pesquisas à sociedade será uma referência não só pela quantidade e qualidade dos trabalhos apresentados, como também pela repercussão no meio acadêmico, nas mais variadas áreas do conhecimento.

“Os trabalhos trarão importantes análises, sugestões e contribuições importantes para o conhecimento do processo histórico, político, econômico, cultural e educacional em Alagoas”, ressalta Wilma, ao acrescentar que as pesquisas selecionadas e vencedoras tiveram como principais fontes de pesquisa o acervo do Arquivo Público de Alagoas.

Os três pesquisadores foram recebidos pelo secretário executivo de Gestão Interna do Gabinete Civil, Felipe Cordeiro, que representou o secretário-chefe da pasta, Fábio Farias. Cordeiro ressaltou a importância do Concurso de Monografia por criar um grande banco de ideias e sugestões que contribuam para o conhecimento da cultura, da tradição e do estímulo à alagoanidade.

Digitalização, a próxima meta do APA

Nos seus 58 anos de história, a mais nova pretensão do APA é a digitalização de todo seu acervo para acompanhar as mudanças tecnológicas e também tornar o acesso ainda mais democrático. “É nosso dever disponibilizar todo o material em diversos formatos, inclusive no digital. O Governo do Estado, através do Gabinete Civil, que está sempre nos apoiando, está analisando a possibilidade de parceria com uma empresa que digitalize o acervo”, diz Wilma Nóbrega.

Sob sua gestão, diversos projetos estão sendo tocados, como o evento cultural Chá de Memória e o projeto Memória Reveladas, que permite à sociedade o acesso a fontes, antes sigilosas, do período da Ditadura Militar, além de todo o material da Delegacia de Ordem Política e Social (Dops) digitalizado e disponível no Arquivo Nacional. Também foi criado o Fundo do Governo do Estado de Alagoas para comportar todas as mensagens, decretos, leis e outros documentos administrativos dos governos estaduais de 1912 até os dias atuais.

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