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No dia 9 de dezembro, Daniel Alves só apareceu no campo contra a Croácia depois que a partida já tinha acabado. Quando Tite desceu para o vestiário, logo após Marquinhos perder sua cobrança na disputa de pênaltis, o lateral-direito entrou em cena, foi cumprimentando os companheiros de seleção, consolando os mais tristes depois da eliminação nas quartas de final da Copa do Mundo.
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Três semanas depois, foi a uma boate em Barcelona, onde teria estuprado uma mulher, motivo pelo qual está preso hoje na cidade espanhola.
Aqueles mesmos jogadores que foram consolados por Dani Alves no Estádio Cidade da Educação, agora evitam falar sobre o veterano. Procurados pelo GLOBO, 16 dos outros 25 atletas do Brasil no Mundial do Catar foram questionados sobre a acusação que recai sobre Daniel Alves, a recorrência de casos de estupro envolvendo atletas de futebol e de outros esportes de alto rendimento, e o que pode ser feito para diminuir isso.
Nenhum deles fez qualquer manifestação até o fechamento da reportagem.
Ex-técnico da seleção brasileira, Tite também foi procurado. Via assessoria, disse que não se pronunciaria até a decisão final da Justiça. O julgamento de Daniel Alves ainda não tem data marcada para acontecer.
Em caso semelhante, os jogadores da seleção brasileira não tiveram a chance de repetir o que acontece agora. Neymar foi acusado de estupro por Najila Trindade, que prestou queixa contra o atacante em maio de 2019. A notícia veio a público às vésperas da disputa da Copa América. A Granja Comary recebeu a visita de policiais responsáveis pelo caso, que foram até o centro de treinamento colher depoimento do camisa 10.
Na ocasião, Fernandinho, Everton e Lucas Paquetá, em entrevistas coletivas, tentaram evitar o assunto. No fim, saíram em defesa da inocência de Neymar. Três meses depois da queixa ter sido prestada, a Justiça de São Paulo acolheu pedido do Ministério Público e arquivou o caso, por falta de provas.
O silêncio dos jogadores da seleção brasileira no caso envolvendo Daniel Alves não é exclusivo deles. Aos 39 anos, o lateral é profissional há 22. Passou por Bahia, Sevilla-ESP, Barcelona-ESP, Juventus-ITA, Paris Saint-Germain-FRA, São Paulo e Pumas (México). O clube mexicano veio a público repudiar o crime e optou pela rescisão do contrato do jogador.
Entre atletas e ex-atletas, o único que se manifestou a respeito do caso foi Xavi Hernández, ex-companheiro na época de jogador e também técnico do brasileiro no time catalão, na temporada passada.
Xavi foi cobrado pelos espanhóis depois de primeiras declarações em que citava menos a vítima do que Daniel Alves. Em uma segunda entrevista em que foi questionado a respeito, foi mais enfático.
— O que eu disse foi mal interpretado ou eu não fui contundente como deveria ter sido, mas é importante que eu me explique. É um tema escabroso e delicado, ontem eu ignorei a vítima, mas quero deixar claro que é preciso condenar qualquer ato de violência de gênero ou estupro, tenha sido feito por Daniel Alves ou qualquer outro — afirmou.
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