Com críticas à capitalização de Bolsonaro, especialistas ressuscitam reforma de Temer

Publicado em 04/04/2019, às 13h10
Michel Temer | Agência Brasil -

Folhapress

A capitalização da previdência, proposta pelo governo Jair Bolsonaro, recebeu críticas de especialistas em Previdência reunidos nesta quinta-feira (04) em São Paulo, durante evento na FGV Direito. 
As críticas também foram dirigidas ao tempo dedicado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, para a defesa da modalidade de contribuição -na qual cada trabalhador é responsável por fazer sua própria poupança para bancar a aposentadoria- na última quarta-feira (03) na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). A avaliação dos especialistas é a de que o governo perde tempo discutindo uma proposta que não está fundamentada e que traria um custo de transição que o país teria dificuldade em pagar. 

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Nesse contexto, a retomada de uma reforma menos ambiciosa, como a apresentada pelo governo Michel Temer, foi apontada como uma alternativa possível para enfrentar duas questões importantes para redução dos gastos com a Previdência: criação de idade mínima de aposentadoria e redução das vantagens dos benefícios para servidores públicos.
"Por que trazer a capitalização? Todo mundo sabe que não é factível. É só pra ser diferente do Temer?", disse Marcos Lisboa, presidente do Insper e colunista da Folha de S.Paulo. "Vamos fazer o que dá pra fazer".

Para Nelson Machado, ex-ministro do Planejamento da gestão Lula, o governo não pode propor uma capitalização sem definir as regras, pois a transição simples para esse regime colocaria em risco a aposentadoria da maioria dos trabalhadores devido ao elevado índice de informalidade do trabalho no país. 
Segundo Machado, a discussão da reforma previdenciária deve manter foco em como sustentar o atual regime de repartição.
"Um regime de capitalização sem regras é um risco para todos os trabalhadores", disse.

A vinculação do BPC (benefício de prestação continuada) ao salário mínimo é outro ponto que deveria ser priorizado pela reforma da previdência, de acordo com economista Bernard Appy. 
Para Appy, a igualdade entre benefícios previdenciários e assistenciais desestimula as contribuições para a Previdência.
"Você coloca o benefício de R$ 1.000, mas não vincula a correção ao salário mínimo", disse Appy.

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