Cientistas descobrem nova população de arraias gigantes

Publicado em 22/11/2022, às 16h06
Foto: Reprodução/Canva -

Redação

As raias-manta ou arraias-jamanta estão entre os maiores peixes [de cartilagem] do oceano. Considerados peixes cartilaginosos, esses animais não possuem um esqueleto formado por ossos, mas sim por esse tecido resistente e flexível que proporciona movimentos precisos, como uma dança aquática. Entre as principais características relacionadas ao seu comportamento, pode-se destacar o fato de serem extremamente pacíficos em situações normais.

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Deveras fascinantes, as raias são, por si só, animais que despertam curiosidade, seja por suas propriedades físicas ou seus hábitos. No entanto, recentemente, cientistas descobriram uma população de raias-manta bastante peculiar: os animais são mais de 10 vezes maiores do que qualquer outra subpopulação conhecida da espécie.

Raias-manta gigantes - Em 2019, as raias-manta oceânicas foram classificadas como ameaçadas de extinção e colocadas na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza. A pesca comercial foi considerada a maior ameaça à espéci

Contudo, a descoberta recente animou os ânimos, pois foram encontradas mais de 22 mil raias-manta (Mobula birostris) na costa do Equador. Os conservacionistas almejam que esse grupo “sem precedentes” ofereça pistas sobre as condições que os eixes “consideram” favoráveis para sua sobrevivência e procriação.

O ecologista e coautor do estudo, Joshua Stewart, da Oregon State University, disse que “Está claro que algo diferente está acontecendo aqui […] Esta é uma rara história de otimismo oceânico. Em outras regiões, normalmente temos estimativas populacionais de 1.000 a 2.000 animais, o que torna esta espécie muito vulnerável.”

Desse modo, a pesquisa é de fato motivo de comemoração, afinal de contas, diversas espécies estão em extinção devido à ação humana e às mudanças climáticas. Entretanto, as raias-manta oceânicas são uma espécie desafiadora para estudar, pois tendem a passar seu tempo em locais de difícil acesso para os pesquisadores e porque seus padrões de movimento podem ser imprevisíveis.

Pesquisa - A pesquisa publicada na revista Marine Ecology Progress Series, mostra que outras populações de arraias oceânicas são tipicamente pequenas e vulneráveis ​​a impactos humanos, mas essa população descoberta é grande e potencialmente bastante saudável, disse Stewart.

Esses animais são as maiores espécies de raias, com envergadura que pode chegar a mais de 6 metros. Além disso, tendem a viver em pequenas subpopulações em águas tropicais, subtropicais e temperadas, passando grande parte do tempo em mar aberto.

Embora estudar essas raias seja desafiador, no final da década de 1990, pesquisadores do Proyecto Mantas Ecuador descobriram que uma população de raias-manta oceânicas se agrega em agosto e setembro de cada ano ao redor da Isla de la Plata, na costa do Equador; o local facilita a localização e também a pesquisa sobre os animais.

Ademais, por se tratar de uma área popular de mergulho, os visitantes sempre registram fotos dos animais, o que é um verdadeiro tesouro para os pesquisadores. “Muitas das fotos usadas em nosso estudo foram fornecidas por mergulhadores recreativos que se tornaram cientistas cidadãos quando tiraram fotos de arraias manta”, disse a principal autora do estudo, Kanina Harty, do The Manta Trust. “Recebemos uma grande quantidade de informações sobre cada animal apenas a partir dessas fotografias.”

Localização estratégica - As condições na região são particularmente favoráveis para uma população saudável e numerosa de raias-manta, segundo os pesquisadores. Michel Guerrero, do Proyecto Mantas Ecuador, disse que “Este trabalho solidifica a Isla de la Plata e o Equador de forma mais ampla, como um ponto quente globalmente importante para esta espécie ameaçada.”

A disponibilidade de alimentos parece ser o fator preponderante na atração das raias, uma vez que o oceano na costa do Equador e do Peru é um dos mais produtivos do mundo, por conta da água fria e rica em nutrientes que sobe à superfície em um processo chamado ressurgência. “Parece que esta região de ressurgência produtiva é capaz de sustentar grandes populações, mesmo de animais muito grandes”, disse Stewart.

Ação humana - É necessário monitorar de forma frequente como as ações humanas e a elevação das temperaturas globais afetam as raias-manta, pois os pesquisadores consideram que esses fatores influenciarão negativamente a saúde da população.

Stewart afirma que “As arraias parecem ser sensíveis a perturbações ambientais, como mudanças na temperatura do oceano e disponibilidade de alimentos. Eles provavelmente serão afetados por um clima mais quente se a força da ressurgência e a abundância de alimentos mudarem junto com a temperatura do oceano”.

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