Ciência pode ter descoberto a melhor forma de chamar um gato

Publicado em 15/05/2023, às 15h38
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Imagine a cena: você está no meio da chuva e encontra um gatinho perdido. Seu primeiro impulso é ajudá-lo a encontrar abrigo, mas ele não responde às suas tentativas de contato. Esqueça o “pspsps”. Esse cenário hipotético poderia terminar de forma mais amigável (e menos molhada) se, em vez de emitir sinais vocais, você investisse no contato visual com ele. 

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É o que mostra uma pesquisa desenvolvida pelo Laboratório de Etologia Comparada e Cognição da Universidade de Paris Nanterre, na França, publicada em 3 de maio na revista Animals

Segundo o estudo, um gato responde mais rápido quando humanos estranhos usam sinais vocais e visuais para chamar sua atenção. Além disso, esses animais ficam mais estressados quando humanos os ignoram completamente. 

Para entender o comportamento felino, os pesquisadores usaram 12 gatos que vivem em uma cafeteria na capital francesa. Na primeira etapa, a líder do estudo, Charlotte de Mouzon, acostumou os animais com sua presença. 

Depois, os colocou em diferentes cenários, onde havia, ou não, interação vocal, visual e gestual com os animais. Depois de diversas horas, a equipe de cientistas identificou que os gatos se aproximavam mais de Mouzou quando o interlocutor usava a fala e os chamava a olhar para ele. 

Isso não é exatamente uma novidade: tanto humanos quanto animais depreendem mais atenção quando direcionam o olhar para o alvo. Mas algo inesperado chamou a atenção: nos testes com estranhos, os gatos responderam mais rápido às pistas visuais do que vocais. 

Para chamar a atenção, olhe para o gato

Essa percepção foi surpreendente porque é comum que os tutores adotem uma “voz de gato” para chamar esses animais pois imaginam que, dessa maneira, eles respondem melhor às vocalizações. 

De fato, uma pesquisa da mesma instituição publicada em outubro sugere que gatos de estimação podem facilmente distinguir a voz dos donos da de estranhos. Esses animais também identificam claramente quando seu tutor fala diretamente ou se refere a eles. 

Mas isso não parece ser verdade quando o interlocutor dos felinos não é seu tutor, mas uma pessoa estranha. “Isso mostra que não é a mesma coisa para um gato se comunicar com seu dono e com um desconhecido”, disse Mouzon ao Gizmodo EUA

Sinais de desconforto 

O estudo também identificou que os gatos tendem a abanar o rabo com mais frequência em cenários de vocalização e também quando são totalmente ignorados. Dessa forma, diferente dos cachorros, que abanam o rabo como um sinal de felicidade, os felinos só fazem isso quando estão estressados ou desconfortáveis. 

“O abanar do rabo é mais uma evidência de que os gatos se sentem mais confortáveis ​​com sinais visuais ou combinados de estranhos humanos”, completou Mouzon.

Segundo a pesquisadora, o estresse ao serem ignorados pode ser um sinal da incongruência da situação. Ou seja, quando os gatos estão em uma sala com um humano, eles esperam interagir com o visitante, e não serem excluídos. 

“Assim como os humanos, os gatos também podem sentir desconforto quando não conseguem ler facilmente as intenções de outra pessoa em uma sala”, explicou ela, por fim.

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