Assessoria
Parafraseando o filósofo francês Jean-Paul Sartre, o importante não é o que fizeram de nós, mas o que fazemos do que fizeram de nós. É com essa sensação que podemos concluir a leitura do novo livro de autoficção da escritora franco-alagoana Chantal Jeanne Lafaye Frazão, intitulado No Lugar do Morto. Nesta obra inédita, a imortal pela Academia Alagoana de Letras, traça um belo painel existencial da França, situado no período pós-Segunda Guerra Mundial, repleto de narrativas surpreendentes, emocionantes e sinceras, conduzidas por uma série de personagens complexas, misteriosas – algumas muito cruéis –, mas todas humanas, demasiadamente humanas. Dessa forma, Chantal Frazão transformou suas memórias e traumas do passado em arte literária.
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O lançamento de No Lugar do Morto será realizado nesta terça-feira (26), a partir das 18h, no restaurante Anamá. No evento, os leitores terão a oportunidade de bater um papo com a autora e participar de uma sessão de autógrafos, embalada pelo DJ Peixe que apresentará uma trilha sonora repleta de sucessos da bossa nova e da MPB.
Chantal Frazão revelou seu talento literário em pleno vigor criativo da maturidade. Anos de vida, sensibilidade, argúcia e muitas histórias para contar formaram uma conjugação de forças que a impulsionou na escrita de Memórias de uma franco-alagoana, seu primeiro livro, publicado em 2021. Até então, essa francesa nascida nos arredores de Paris, radicada em Maceió desde 1979, tinha se dedicado exclusivamente à família e às artes plásticas, desde que chegou em terras brasileiras. A boa acolhida do público leitor e outras histórias instigantes que ainda reservava trouxeram a motivação necessária para trabalhar em seu segundo livro que chega agora ao público leitor.
Depois de algum tempo maturando a ideia de transformar os relatos pessoais em literatura, a escritora decidiu exorcizar os fantasmas do passado, transformando-os em personagens de enredos fascinantes. O resultado é uma catarse de sentimentos que promete envolver os leitores, emocionando-os, divertindo-os e proporcionando-lhes momentos de reflexão com ricas narrativas baseadas em fatos.
“Meus parentes eram pessoas profundamente traumatizadas. Mas ninguém se submetia a uma psicanálise freudiana por ser um tratamento caro e também por ser considerado impudico revelar seus segredos escabrosos para um desconhecido”, explica Chantal Frazão. Contudo, esses mesmos parentes, em suas incontidas necessidades de desabafar, encontraram na pequena Chantal uma interessada interlocutora para suas sórdidas confissões íntimas. “Eu adorava escutar as indecorosas conversas dos mais velhos, todas repletas de detalhes sinistros e mórbidos. Oferecia-me como balde no qual os adultos ficavam à vontade para vomitar suas mais abomináveis confidências. Sempre pedia mais e mais... De tanto ouvi-los com atenção, tornei-me, igualmente, uma contadora de histórias. Anos mais tarde, ao relatar esses episódios familiares aos amigos, ouvia o seguinte conselho: – Chantal, você precisa escrever um livro. As pessoas merecem conhecer as suas aventuras, relembra.
A maturidade e honestidade de Chantal Frazão vem conquistando leitores e críticos, desde sua estreia na Literatura. “Cada vez mais me convenço da maturidade de seus textos, sem pudor de se expor por inteira em seus questionamentos sobre a existência conflitante sua e dos personagens que se revelam na sua mais cruel leitura de suas personalidades. Mais ainda das conclusões, frutos de uma mulher observadora como uma máquina que escaneia o corpo e a alma do ser. Diria que é capaz de despir qualquer um e mostrar seu lado mais sombrio. Não sei como apreendeu uma linguagem coloquial de um português tão farto e até licencioso”, afirmou o escritor e crítico de arte Benedito Ramos, também membro da Academia Alagoana de Letras.
“Mesmo não sendo um crítico literário tenho um excelente faro para o que é boa literatura. Farejei forte o que tinha nas mãos e percebi que o odor era inconfundível. O tempo todo eu me questionava, procurando rótulos para os componentes do todo. Mas não o encontrava”, afirma o poeta José Geraldo Marques, imortal da Academia Alagoana de Letras, ao ler No Lugar do Morto. Segundo ele, o fio condutor da obra é muito claro e Chantal Frazão conseguiu conduzi-lo “de modo impressionantemente coerente, realizando verdadeira mágica, dando unidade ao que facilmente cairia num quebra-cabeças em mão inábeis”.
“O fio condutor é a ressurgente onda forte e bela da bioficção. Mergulha em si mesma sem temores de afogamentos ou de estranhamentos alheios. Ela é ela. Ela sabe ser ela com autenticidade e prazer. E nisso vai desde textos extremamente realistas a textos de realismo fantástico que seriam bem denominados de fantasias realistas. Não se exime de assumir as experiências esdrúxulas e misteriosas por ela vividas e vivenciadas, nem oculta o que a intimidade ampliada poderia parecer”, arremata Marques.
Ficha Técnica
Evento: Lançamento do livro No Lugar do Morto, de Chantal Frazão
Preço promocional de lançamento: R$ 50
Local: Restaurante Anamá
Endereço: Avenida Silvio Carlos Viana, 2501. Ponta Verde
Quando: 26/11/24
Horário: a partir das 18h
Contato: Patrycia Monteiro Rizzotto – 82 99351-5315
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