Folhapress
A clássica televisão de cachorro -apelido dado às máquinas envidraçadas para assar frangos em padarias- pode não estar com os dias contados, mas agora tem uma rival. É o canal pago DogTV, com programação que não é feita para amantes de cães, mas para os próprios bichos. A ideia é simples: você vai trabalhar e deixa seu cachorro sozinho. Ele late o dia todo e ainda come seu sofá. A DogTV promete mudar isso; basta deixar o aparelho ligado no canal e o cão terá companhia. Depois de estrear no Brasil há dois anos pela Sky, o canal passou a ser transmitido pela Net no ano passado e mais recentemente pelo serviço de TV da Vivo.
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Não basta ser assinante das operadoras; em todas elas o DogTV custa R$ 19,90 extras por mês. Na Vivo, ele está atualmente num período de degustação, com o sinal aberto. "Cachorros são como crianças", diz o americano Ron Levi, o criador da DogTV. "Eles precisam de atenção. A programação produzida especialmente para eles faz com que se distraiam e relaxem." Uma pesquisa realizada pelo canal, conta Levi, colocou câmeras em 19 casas de Los Angeles e 19 apartamentos de Nova York.
"Na telinha, alternamos por seis horas a DogTV com o Animal Planet, a CNN e também a tela branca com chuviscos. Deixamos os animais sozinhos em casa. O resultado foi que 72% dos cachorros ficaram mais relaxados com nossa programação." A reportagem fez um teste. Na última semana, abrimos a DogTV no apartamento do jornalista Fred Melo Paiva, que mora com dois cachorrões em São Paulo, o pastor alemão Fidel, de dois anos, e o galgo Fantasma, de nove anos. Fidel e Fantasma nunca haviam visto o canal. "Na verdade, eles nunca assistiram a programa nenhum", diz Paiva.
"Jamais olharam para a tela." Por cerca de uma hora, os programas foram exibidos na sala. Fantasma não captou nada. Manteve sua vida de cachorro longe dos avanços da civilização moderna. Mas o mesmo não aconteceu com Fidel. Após alguns minutos de desinteresse, o pastor alemão passou a assistir outros cachorros pulando em lagos e correndo em parques. Com as orelhas viradas para a TV, ouviu a música simples e tinha leves sobressaltos quando o som mudava. Para surpresa de Paiva, Fidel curtiu o canal durante meia hora.
Perdeu o interesse com a atração seguinte, um caleidoscópio abstrato de cores vibrantes sem a exibição de animais. Já a arquiteta Pryscilla Penyche tem assistido à DogTV em sua casa no Limão, na zona norte de São Paulo, com a yorkshire Catherine, 11 anos, desde que a Vivo passou a transmitir o sinal. "Ela tem ficado mais calma. Como não enxerga mais muito bem, percebo que fica ligada nos sons". Tanto os sons quanto as imagens do canal são curiosos. No primeiro caso, batidas de piano e violoncelos se alternam com risadas de crianças e sons de cachorros se divertindo.
No caso das imagens, alguns programas trazem cores bem diferentes do normal. "Os cães têm um sentido de visão diferente do nosso", diz Ron Levi. "Eles reconhecem o azul, o amarelo, o branco e o preto, mas tanto o vermelho como o verde aparecem para eles como tons de amarelo." O canal está disponível na Sky (canal 480), Net (canal 559) e Vivo (620).
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