Brexit pode levar 1,7 milhão de pessoas à miséria

Publicado em 04/02/2019, às 23h35
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VEJA.com

Estudo do Instituto Alemão de Desenvolvimento afirma que o impacto de uma saída abrupta do Reino Unido da União Europeia pode levar 1,7 milhão de pessoas à extrema pobreza.  O prejuízo atingiria os 49 membros do acordo Tudo Menos Armas (EBA), que contam com preferência tarifária  ao exportar seus produtos para a União Europeia.

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Com um iminente Brexit , a ser efetivado a partir de 29 de março, esses Estados não teriam mais o respaldo do EBA para fazer comércio com o Reino Unido. O Camboja, país asiático com pouco mais de 16 milhões de habitantes, seria a nação em desenvolvimento mais afetada. A nação destina ao mercado britânico 7,7% de suas exportações.

“Estas são estimativas modestas do impacto negativo do Brexit. Elas não levam em consideração as incertezas, a depreciação do valor da libra esterlina e a redução dos gastos e investimentos humanitários”, descreve a autora do estudo, Zoryana Olekseyuk.

Jayant Menon, economista do Banco Asiático de Desenvolvimento, analisa a questão sob uma perspectiva mais otimista. Para ele, outros mercados podem compensar as perdas cambojanas, o que também seria uma oportunidade para esse país diversificar suas vendas.

“Em longo prazo, o Camboja precisa olhar para além das roupas”, aconselhou Menon, em entrevista ao britânico The Guardian, referindo-se à dependência histórica da economia cambojana da indústria têxtil e de confecções.

Arup Raha, especialista em economia do sudeste asiático, disse ser difícil prever os efeitos do Brexit em outras economias. Para ele, se o Reino Unido não alcançar novos acordos de redução tarifária, “poderia acontecer um efeito negativo” no Camboja. Mas o cenário é “meramente especulativo”.

Raha aposta que o governo da primeira-ministra britânica, Theresa May, irá se esforçar para atualizar o acordo com os membros do EBA, já que também depende dos produtos importados dessa aliança.

“Eles terão de negociar. Caso contrário, será um trauma para a economia britânica. Eles já correm o risco de perder o acesso ao mercado comum europeu. Chegar a acordos de comércio pode levar algum tempo, mas não há outro caminho”, afirmou o economista.

Os pesquisadores do Instituto Alemão de Desenvolvimento insistem que não é provável a conclusão de novos acordos o dia 29 de março, data limite para o Brexit, já que requerem uma “política de comércio totalmente nova”.

“É possível que o Reino Unido planeje novos acordos de livre comércio individualmente com os países em desenvolvimento. Mas isso é algo improvável dado o prazo curto, que também limitaria o número de países envolvidos nas discussões”, avaliaram os teóricos.

Stephen Higgins, sócio da firma de investimentos Mekong Strategic Partners, tampouco acredita que o governo do Reino Unido levará em consideração os prejuízos a outros países na hora de tomar decisões sobre o Brexit. “Levando em conta que o governo britânico está mostrando tanto desdém por seu próprio bem-estar econômico, é um grande salto esperar que eles colocarão tanto peso sobre o bem-estar dos outros”.

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