CNN Brasil
Os candidatos à prefeitura de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (Psol), gastaram juntos mais de R$ 15 milhões em impulsionamento de conteúdo nas redes sociais durante a campanha de 2024.
LEIA TAMBÉM
De acordo com a declaração dos candidatos na página do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Boulos gastou R$8,8 milhões em impulsionamento, enquanto Nunes investiu R$6,5 milhões.
Impulsionamento de conteúdo é uma estratégia que envolve o pagamento a plataformas digitais para ampliar o alcance de publicações permitindo, inclusive, a segmentação por público-alvo e região.
Somente entre 17 e 23 de outubro, últimos sete dias em que se pôde fazer publicidade na internet, Boulos gastou R$1,2 milhões com impulsionamento no Instagram e no Facebook, sendo R$640 mil na página pessoal do candidato e R$581 mil na página de campanha “SP com propósito”. Os dados são da biblioteca de anúncios da Meta.
A maior parte dos anúncios consistem em vídeos de Boulos falando sobre propostas para a cidade de São Paulo. Há ainda um vídeo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pedindo o voto daqueles que anularam no primeiro turno. A publicação com Lula recebeu um impulsionamento de R$6 a R$7 mil, segundo a Meta.
Nunes, por sua vez, gastou R$444 mil com impulsionamento no Instagram e Facebook nos últimos 7 dias de campanha digital. A maioria das publicações são vídeos editados com arte, narração e músicas e que tratam sobre as ações já realizadas por Nunes no primeiro mandato como prefeito de São Paulo.
Os dados da Meta referem-se às publicidades feitas entre os dias 17 e 23 de outubro. As publicações e seus respectivos valores de impulsionamento para o dia 24 de outubro ainda não estão disponíveis na base de dados da Meta.
De acordo com resolução do TSE, é proibido que candidatos façam circulação paga ou impulsionada de propaganda eleitoral na internet desde 48 horas antes até 24 horas depois da eleição. Ou seja, não há impulsionamento entre os dias 25 e 28 de outubro.
Outras despesas
No caso de Nunes, o impulsionamento de conteúdo na internet foi a segunda maior despesa de campanha, perdendo apenas para “serviços prestados por terceiros”.
Na declaração de Boulos ao TSE, os gastos com impulsionamento aparecem como a terceira maior despesa, ficando atrás de gastos com publicidade por materiais impressos, com o qual o candidato investiu R$9,4 milhões, e também com “serviços prestados por terceiros”.
Uma das mais relevantes despesas de Nunes diz respeito aos gastos com produção de programas de rádio, televisão ou vídeo. Ele direcionou 12,08% das despesas de campanha para esse fim, enquanto Boulos direcionou 0,2%.
Na campanha do candidato do Psol, porém, uma porcentagem similar (12,5%) foi utilizada para “atividades de militância e mobilização de rua”, categoria que não aparece na declaração de Nunes.
No total, segundo o portal do TSE, a campanha de Nunes custou R$ 46,3 milhões. A de Boulos, R$57,2 milhões.
De onde vem o dinheiro
No Brasil, o financiamento de campanhas eleitorais por empresas e organizações privadas é proibido desde 2015. O objetivo é impedir que interesses de grandes corporações sejam favorecidos em relação ao bem público e que a autonomia dos eleitos seja prejudicada.
Por isso, as campanhas eleitorais são pagas com dinheiro público, por meio do chamado Fundo Eleitoral. Em ano de eleição, o Congresso Nacional aprova o valor do Fundo, que neste ano foi de R$4,9 bilhões.
A verba é distribuída entre partidos de acordo com critérios relacionados à representatividade no Congresso. A partir disso, cada partido distribui o dinheiro para seus candidatos da forma que preferirem, de acordo com a lei e respeitando as cotas raciais e de gênero.
Neste ano, o Psol recebeu R$126,8 milhões. O MDB R$404,6 milhões.
LEIA MAIS