TNH1 com TV Pajuçara
Pescado pela primeira vez em costa alagoana, o peixe-leão, espécie invasora e venenosa, tem preocupado biólogos. O animal foi encontrado por pescadores no final do mês passado, em uma área de proteção ambiental, com recife de corais, no mar de São Miguel dos Milagres, Litoral Norte de Alagoas.
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O peixe-leão é nativo da Ásia e causa danos ao meio ambiente por não ter predador natural, e porque tem espinhos com toxinas que causam riscos à saúde. Medindo 16 centímetros, o peixe agora está sendo estudado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Nordeste (Cepene), órgão do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
A bióloga Gislaine Lima, do projeto de conservação recifal, concedeu entrevista ao programa Cidade AL, da TV Pajuçara, na noite desta quinta-feira, 3, e explicou mais sobre o que representa a presença do animal no mar do Estado.
"O peixe-leão representa uma ameaça para biodiversidade da região do nordeste. Por onde ele passa, como ele é uma espécie invasora, ele é sinônimo de impacto ambiental direto. Hoje, essa espécie não é encontrada apenas no nordeste, mas já foi registrada no Amapá até Fernando de Noronha", iniciou.
"Ele é tido como um predador voraz, ou seja ele come tudo o que cabe na boca dele. Há casos que esse peixe tenta comer algo maior que ele e acaba morrendo engasgado. Como espécie invasora, ele também se reproduz de forma rápida e não tem predadores naturais. No Brasil, essa "invasão" é recente e o primeiro registro aconteceu em dezembro de 2020, em Fernando de Noronha. Depois tivemos registros também em Belém e Ceará. Como ele não tem nenhum predador natural, políticas públicas devem ser inseridas para que seja feita a coleta desses organismos. Sem que um peixe-leão for avistado, ele deve ser coletado, porém essa coleta deve ser feita por pessoas instruídas para fazer esse manejo de forma correta", continuou a bióloga.
Ainda de acordo com Gislaine Lima, o animal é uma espécie invasora desde a década de 80, no entanto, foi a primeira vez que a espécie foi coletada para análise no mar de Alagoas. "Ele chegou no nosso litoral pela dispersão. O peixe-leão já é uma espécie invasora desde os anos 80, com registros no Caribe. Após ele se espalhar por essa região, a espécie chegou na Venezuela, nas proximidades da fronteira com o Brasil. A partir daí ele foi se proliferando, o que é uma característica dessa espécie. Esse não foi o primeiro registro do peixe-leão em Alagoas, esse foi apenas o primeiro coletado por pescadores".
"O peixe-leão é uma espécie exótica e também tem uma morfologia exótica. Ele tem alguns espinhos dorsais que contém toxinas, e se você tocar nessas toxinas pode ter algumas reações. Essas reações podem ser um estado febril ou vermelhidão na região de contato. Então é recomendável que não tenha esse contato. Quem vai está habilitado a fazer essa coleta são os pescadores e as pessoas que forem instruídas pelos órgãos gestores. Se você ver um peixe-leão, marque a área onde ele foi visto e entre em contato com os órgãos competentes", acrescentou.
A bióloga reforçou a importância da pesquisa sobre os peixes para as novas descobertas e não há informações, até o momento, se ele deve ser consumido por humano. "Para diminuir a presença desse invasor, temos que atuar diretamente no manejo, na coleta do peixe. A partir dessa coleta, eles devem ser encaminhados para pesquisa, para termos mais informações sobre o comportamento da espécie. Também estamos analisando os efeitos desse peixe para o consumo humano. A princípio sabemos que ele pode ser consumido, porém não sabemos se eles estão contaminados ou não".
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