Revista Crescer
Quando a caçula, Kevelyn, de 1 ano e três meses, começou a ter febre, Jéssica Lima (@bloguerdasmaninhas), de São Paulo, desconfiou que a filha estava com alguma infecção.
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"No início, achei pudesse ser pneumonia, pois ela teve vários casos de pneumonia silenciosa. Então, já no primeiro dia, levei ela ao médico. Foram feitos vários exames — de sangue e raio-x —, que não mostraram alterações", lembra.
No dia seguinte, a mãe conta que notou duas picadas, que pareciam de pernilongo, com um pouco de pus, no dedo da filha, e a febre persistia. "Estouraram várias aftas na boca. Ela ficou cheia de ferida. Então, voltamos ao hospital. Mostrei o dedo e o médico não disse nada, apenas comentou que a febre poderia ser devido a um pouco de catarro que tinha no pulmão. Então, receitou um antibiótico", continua.
No terceiro dia, o dedo estava ainda pior. "Já tinha várias bolhas de pus, mas decidi ficar em casa, pois ela já estava tomando antibiótico", conta. No entanto, dois dias depois, ela levou a filha novamente para avaliação. "A febre não passava. Mostrei o dedo novamente, dessa vez bem roxo e com bastante pus.
Foi quando o médico conversou com outros profissionais de saúde e eles, então, chegaram a conclusão que se tratava de picada de uma aranha-marrom", explica.
O momento mais preocupante, a mãe conta, foi quando o médico explicou sobre os riscos de necrose. "Como havia passado muito tempo, não dava mais para administrar o soro. Fizeram, então, frenagem no dedo e ela tomou duas injeções de antibióticos", conta a mãe. Kevelyn está fazendo tratamento com anti-inflamatório, antibiótico e corticoide, não teve mais febre e tem feito acompanhamento a cada dois dias no hospital.
A mãe suspeita de que a filha tenha sido picada durante uma viagem a um sítio. "Fomos para Varginha, Minas Gerais, acredito que tenha sido lá. Dormimos em um colchão no chão e ela adora brincar na natureza", comenta. "Completou nove dias desde o aparecimento dos sintomas e, agora, felizmente, ela está melhor. O dedinho também está secando, graças a Deus", finalizou a Jéssica.
À CRESCER, o biólogo Fabiano Soares (@biologozero), de Porto Alegre (RS), explicou que a picada da marrom, ainda mais em crianças, é preocupante. "A aranha-marrom não é agressiva e, às vezes, uma pessoa pode ser picada sem perceber, pois não é dolorosa, o que é especialmente preocupante em crianças", afirmou.
Segundo ele, há dois tipos de "loxoscelismo", que é a reação causada pela toxina da aranha-marrom. "O cutâneo, que é quando as manifestações ocorrem na pele; e o mais perigoso, o loxoscelismo visceral, principalmente em crianças, pois algumas enzimas, além de necrosar o tecido, podem causar danos nos éritrócitos, que são as células sanguíneas, sobrecarregando os rins e gerando uma reação imunológica sistêmica, ou seja, todo o organismo passa a responder de uma maneira exagerada. Esse quadro pode, inclusive, levar a óbito", alerta.
"Diria que essa mãe foi extremamente assertiva ao insistir e continuar buscando atendimento médico para a filha", continua o biólogo. "Por isso, é importante sempre observar a crianças — principalmente mãos e pés — para buscar algo de diferente. Então, fica o alerta — ao observar uma picada e sinais de febre, busque atendimento médico. Quanto antes for identificado, mais chances de administrar o soro e reduzir os riscos", completa.
Para prevenir o aparecimento da aranha-marrom e outros insetos, o profissional recomenda a instalação de soleira na porta; evitar acúmulo de entulhos no quintal; não deixar calçados ou caixas de papelão embaixo das camas; cobertas no chão; não encostar a cama na parede; e manter a casa sempre arejada e iluminada. "Para quem não tem condições de contratar uma empresa controladora de pragas, a dica é aplicar produtos contra aranhas do tipo barreira química (inseticida de mercado) no entorno da casa e nas frestas", finalizou.
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