Baixinho Boiadeiro é preso durante julgamento em Maceió

Publicado em 04/02/2019, às 14h00
Policiais cumpriram mandado de prisão contra Baixinho Boiadeiro | TNH1 -

Eberth Lins e João Victor Souza

José Márcio Cavalcanti de Melo, o Baixinho Boiadeiro, que estava foragido da Justiça desde 2017, deve ser encaminhado para o Sistema Prisional de Alagoas após o julgamento de um duplo homicídio praticado em 2006, em Batalha, realizado nesta segunda-feira (04), no Fórum de Barro Duro, em Maceió. Dois mandados de prisão contra ele, pela tentativa de homicídio do fazendeiro José Emílio Dantas, em novembro de 2017, e pelo homicídio do vereador Tony Pretinho, em dezembro do mesmo ano, foram cumpridos.

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Baixinho Boiadeiro foi custodiado por policiais da Divisão Especial de Investigação e Captura da Polícia Civil de Alagoas (Deic) durante o intervalo do júri, que aconteceu por volta das 14h. Ele teria tentado matar Dantas por vingança, horas depois do assassinato do seu pai, Neguinho Boiadeiro, pois acreditava que o crime teria sido a mando do fazendeiro. Pelo mesmo motivo, o acusado teria tirado a vida do vereador Tony Pretinho, segundo as investigações.


Baixinho Boiadeiro em julgamento nesta segunda-feira (Crédito: Letícia Sobreira*/TNH1)
De acordo com o delegado João Marcelo, presidente da comissão de delegados designados para a investigação do crime contra Tony Pretinho, a polícia conseguiu comprovar que Baixinho teve envolvimento na morte do vereador. Na ocasião, Tony foi assassinado a tiros nas proximidadades de sua casa. Segundo o delegado, mais de 20 disparos foram efetuados pelos criminosos. 

“Nós viemos cumprir o mandado já que fomos informados que ele havia comparecido neste júri. Nós comprovamos através da perícia que a mesma munição da arma usada no homicídio contra Tony Pretinho foi utilizada na tentativa de homicídio contra José Emília Dantas, também praticado por Baixinho”, disse.

Delegado João Marcelo é o presidente da comissão que investiga a morte de Tony Pretinho (Crédito: Eberth Lins/TNH1)

O delegado Fábio Costa, coordenador da Deic e integrante da comissão de delegados, afirmou que o acusado contou com o apoio de comparsas para cometer o crime contra o vereador. Os suspeitos têm mandados de prisão em aberto e devem ser presos nos próximos dias. “Ele não agiu só, e essas pessoas devem ser presas. Não há qualquer dúvida que o Baixinho tem relação com os dois crimes e não me surpreende a vinda dele aqui, pois ele viu que o cerco estava se fechando. É uma forma de se entregar", relatou.

Já o delegado Thiago Prado, também designado para as investigações do caso, destacou o nível de periculosidade de Baixinho. “O Baixinho é orquestrador da violência empregada pela família Boiadeiro contra outras famílias. Todas as provas elencadas no inquérito apontam que o Baixinho é o líder do grupo da pistolagem, que organizava todos os crimes praticados por eles no Sertão de Alagoas”, salientou.

O advogado de defesa, Raimundo Palmeira, informou que antes de ser encaminhado para o presídio, Baixinho deve passar pela sede da Deic para fazer sua apresentação. "A família confia plenamente no trabalho da Policia Civil e a apresentação dele aqui foi totalmente estratégica. Ele optou por se apresentar durante a sessão do júri", disse.

"Várias pessoas querem me matar"

Durante seu depoimento no julgamento do duplo homicídio no qual é apontado como um dos autores, Baixinho se emociounou ao lembrar da morte do pai, voltou a negar seu envolvimento com a morte de Tony Pretinho e explicou porque ficou foragido durante mais de um ano. 

“ Porque eu denunciei o esquema da Assembleia, que foi o motivo do meu pai ter sido morto. E tinha várias pessoas querendo me matar. Quando eu denunciei, vários áudios vazaram dizendo que meu corpo era pequeno pra quantidade de bala que eu ia levar. Eu me resguardei e só quis me apresentar na hora e no dia certos”

Julgamento

Os irmãos Baixinho e Pretinho Boiadeiro, e outras três pessoas, Emanuel Messias de Melo Araújo, o Manuel Boiadeiro, Thiago Ferreira dos Santos, o Pé de Ferro, e José Marcos Silvino dos Santos, o Tigrão, são julgados nesta segunda no Tribunal do Júri, por um duplo homicídio praticado em 2006, na cidade de Batalha, Sertão de Alagoas.

De acordo com a denúncia do Ministério Público Estadual, os acusados bebiam com as vítimas em bares diferentes da mesma praça. No momento em que saíam do bar houve uma desavença envolvendo duas mulheres que acompanhavam os acusados. Os Boiadeiro e os demais réus teriam se aproximado do veículo onde as vítimas entraram, uma S-10, e atiraram. Samuel Thelman Omar Bezerra Cavalcante Júnior e Edivaldo Joaquim de Matos morreram e Theobaldo Cavalcante Lins, que estava no veículo, sobreviveu.

O MPE, por meio do promotor de justiça Antônio Luís Vilas Boas Sousa, da 48ª Promotoria de Justiça da Capital, sustenta a acusação de homicídio duplamente qualificado por motivo torpe e sem chance de defesa das vítimas.

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