Redação
Os auditores que fiscalizam o trabalho escravo, funcionários do Ministério do Trabalho, decidiram paralisar suas atividades em pelo menos 22 Estados do Brasil. Em Alagoas a categoria também aderiu a greve, por tempo indeterminado, na tarde desta quarta-feira (18).
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A informação foi confirmada pelo representante da Delegacia Regional do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait), em Alagoas, Leandro Carvalho. Segundo ele a manifestação quer a revogação da Portaria 1.129/2017, que propõe alterar o conceito de trabalho escravo, e que segundo a categoria "tenta inviabilizar a fiscalização e poderá criar a falsa impressão de que a escravidão contemporânea não mais existe".
“Vai de encontro a convenções nacionais e internacionais. É um claro ataque aos trabalhadores e um desmonte a atividade de fiscalização. E no caso de Alagoas isso fica ainda mais grave, uma vez que o corte de recurso foi tão severo que não há telefone, gasolina, e nós não temos nem a possibilidade de realizar um plantão, porque não há banheiro no atual prédio onde estamos trabalhando, uma vez que a nossa sede foi interditada a cerca de três meses atrás”, explicou Leandro.
Ele exemplificou uma modalidade de trabalho que era considerado em condições análogas a escravidão que deixou de ser de acordo com a portaria. “Pense um grupo de 10 pessoas, deixadas a centenas de quilômetros, numa floresta, sem abrigo, bebendo da mesma água que os animais, sem equipamentos adequados e ainda endividados, porque tiveram que comprar suas ferramentas... isso deixou de ser considerado trabalho escravo”, afirmou.
A portaria também altera o modelo de fiscalização e abre brechas que podem dificultar a comprovação e punição desse tipo de crime.
No site do Sinait, as cinco matérias de destaque são referentes a uma matéria de título: “Ministério do Trabalho ataca o combate ao trabalho escravo contemporâneo no Brasil”.
Nela o presidente do Sinait, Carlos Silva, afirma que a portaria é “conveniente para o governo e empresários criminosos, mas péssimo para os trabalhadores e para a Auditoria-Fiscal do Trabalho”.
“É mais um duro ataque, que vem complementar o saco de maldades da terceirização ilimitada e da reforma trabalhista, que já abriram muitas brechas para legalizar ilegalidades. O Sinait e os Auditores-Fiscais do Trabalho não vão aceitar mais essa investida, mais esse ataque, mais essa ingerência sobre a Auditoria-Fiscal do Trabalho. Vamos fazer tudo para que isso não prospere. Não pode prosperar, é muito retrocesso!”, conclui Carlos Silva.
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