Política

Ato com Bolsonaro terá discurso duro e bonecos gigantes de Moraes e Pacheco

| 07/09/24 - 10h09
O pastor Silas Malafaia é o organizador da manifestação | Foto: Foto: Arquivo PR / Isac Nóbrega

O protesto do 7 de Setembro com a presença de Jair Bolsonaro (PL) na avenida Paulista será marcado por duros ataques de apoiadores do ex-presidente a Alexandre de Moraes, ministro do STF, e Rodrigo Pacheco, o presidente do Senado — ambos serão representados por bonecos gigantes.

O pastor Silas Malafaia, organizador da manifestação prevista para as 14h deste sábado (7), diz que fará seu discurso "mais duro e incisivo". "A força da fala vai ser o impeachment de Alexandre de Moraes", afirma. Ele é aliado de Bolsonaro e foi responsável pela coordenação de outras manifestações bolsonaristas. Oposição no Senado diz que apresentará no dia 9 o pedido de afastamento do ministro Supremo Tribunal Federal.

Além do ex-presidente, deputados e senadores devem falar. A previsão é que Bia Kicis (PL-DF), Nikolas Ferreira (PL-MG), Gustavo Gayer (PL-GO), Magno Malta (PL-ES) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP) discursem — o evento tem previsão de durar ao menos uma hora e meia. Como em outras ocasiões, Bolsonaro deve ter uma fala mais contida, já que é investigado em diferentes ações no STF.

Se em 2023 os atos tiveram pouca participação, os bolsonaristas agora esperam "lotar a Paulista", assim como fizeram em fevereiro passado. O coro ganha mais força, segundo eles, com as reportagens da Folha de S.Paulo que mostraram que Moraes usou a estrutura do TSE para abastecer inquéritos no STF que estão com ele. A decisão do ministro em suspender o X (ex-Twitter) reforçou o apelo para que bolsonaristas participem do ato contra Moraes.

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O pedido de impeachment que deve ser apresentado por senadores da oposição cita o X seis vezes. Há uma citação ampla mencionando perfis em redes sociais. Os demais tratam do bloqueio das contas do Starlink, multas a quem usar a VPN para acessar a rede social e o fechamento do X.

Desta vez não houve proibição para cartazes na manifestação, diferentemente des atos anteriores. Em fevereiro, havia o temor de que faixas contra Moraes aumentassem a pressão para uma possível prisão de Bolsonaro. "O povo é livre. É uma manifestação pelo estado a liberdade, e eu não vou impedir [as pessoas de levar o que quiserem]", disse Malafaia.

Oposição pressiona Pacheco (PSD-MG) a avaliar o pedido de afastamento de Moraes. A eventual abertura de processo de impeachmente contra ministros do STF depende dele — inicialmente, o protesto de 7 de setembro ocorreria em Belo Horizonte, base eleitoral do presidente do Senado.

Moraes será chamado de "assassino da Constituição" no segundo trio que estará na Paulista. O veículo ficará em frente ao Conjunto Nacional e será levado pelo Movimento Fora Moraes, coordenado pelo ex-comentarista da Jovem Pan e professor de direito Marco Antônio Costa.

Os bonecos de Moraes e Pacheco serão colocados próximo desse trio. Eles levarão frases como "Fora Moraes" e sobre "omissão" e "covardia" do presidente do Senado. A tática do boneco gigante foi usada pela direita no movimento de impeachment de Dilma Rousseff (PT). O boneco pixuleco, termo usado como sinônimo de propina, era uma representação de Lula.

Marco Antônio Costa disse que o Brasil vive um "regime autoritário patrocinado por Moraes". O organizador do ato afirma que não tem medo de ser preso e que precisa denunciar as atitudes do ministro do STF.

Serão distribuídos 200 mil cartazes com a imagem de Pacheco e Moraes. Os discursos contra o ministro serão feitos por figuras conhecidas da direita radical, como Allan dos Santos, Rodrigo Constantino, a deputada Carla Zambelli (PL-SP) e o deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS), entre outros.

Há expectativa de atos em mais cidades pelo país. Responsável por apresentar o pedido de impeachment de Moraes, o senador Eduardo Girão (Novo-CE) disse que esses protestos também serão "sem filtro" e que pedirão o afastamento do ministro.

O parlamentar declarou que não se trata de ataque, mas de direito à manifestação. Ele ressaltou que Bolsonaro tem falado em defesa da liberdade e da democracia sem citar Moraes. O ex-presidente é investigado em inquéritos que estão sob o comando do ministro.