Assassino de Mônica diz que não recebeu ajuda financeira e que comercializou celulares na Bolívia

Publicado em 08/04/2024, às 18h30
Leandro foi levado ao CISP do Benedito Bentes para prestar depoimento nesta segunda-feira (8) | Reprodução/TV Pajuçara -

João Victor Souza

Leandro Pinheiro Barros, assassino confesso de Mônica Cristina Gomes Cavalcante Alves, disse, em depoimento dado à Polícia Civil de Alagoas, nesta segunda-feira (8), que conseguiu se manter durante quase 10 meses na Bolívia por fugir de Alagoas com uma quantidade de dinheiro em espécie que teria levado à compra de diversos aparelhos celulares posteriormente usados para revenda. Também no interrogatório, realizado no Centro Integrado de Segurança Pública, no Benedito Bentes, em Maceió, o acusado negou ter recebido ajuda financeira de familiares ou amigos. 

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O delegado Igor Diego esclareceu, em entrevista ao programa Cidade AL, da TV Pajuçara/Record, que não houve confirmação, até o momento, de que Leandro tinha envolvimento com agiotagem. O assassino de Mônica afirmou para as autoridades que trabalhou nos últimos meses como vendedor de celulares e que a renda mensal era tirada deste tipo de comércio.

"Para sobreviver, ele estava comprando e vendendo celulares naquele país. Segundo ele, tinha fugido com uma quantidade [de dinheiro] em espécie, e quando chegou lá, na Bolívia, passou a comprar diversos celulares e passou a revendê-los. E disse que estava fazendo a parte financeira dele proveniente dessa atividade de venda de celulares. Não temos informações sobre ele fazer agiotagem naquele país".

Ainda segundo o delegado, o acusado contou que havia pesquisado sobre a Bolívia na internet antes de cometer o feminicídio. "Ele [Leandro] pegou todo o valor que tinha, em espécie, e saiu pegando carona até chegar na Bolívia. Ele disse que antes do crime, já tinha pesquisado sobre a Bolívia, sabia que lá tinha muitas faculdades de medicina, pesquisou na internet, então quando pensou em fugir, pensou em ir para a Bolívia", destacou Diego.

"Ao chegar na cidade de Santa Cruz [de la Sierra], ele procurou um quarto para alugar, e como lá há muitos brasileiros, ninguém pede documento e informação, então ele fez a locação do quarto. E durante a estadia, disse que se mudou umas três ou quatro vezes de lugar", continuou. 

Assassino de Mônica diz que conheceu nova namorada na igreja - Durante o depoimento, Leandro afirmou que se envolveu com uma jovem de 22 anos, quatro anos mais nova do que Mônica, depois de dois meses de estadia no país vizinho. Ele afirmou que frequentou uma igreja local e teve o primeiro contato com a boliviana, estudante de Medicina.

"Ele disse que depois de dois meses, que estava lá, foi para a igreja, e lá conheceu uma moça, e eles começaram a namorar. E posteriormente, eles passaram a morar juntos. Essa moça tem 22 anos, está concluindo a faculdade de medicina, e é boliviana", explicou o delegado.

"Segundo o Leandro, ele teria contado a ela que tinha cometido um crime no Brasil, e que estava foragido, mas em nenhum momento contou para ela qual teria sido o crime. E ele disse que estava se sentindo à vontade", complementou.

A versão sobre a fuga - Em depoimento, Leandro contou que, ao perceber que Mônica estava morta, entrou no carro e fugiu para outra cidade, ainda na região do Sertão. Logo depois, ele alegou que pegou uma carona até o estado de Sergipe, onde se hospedou rapidamente na casa de um familiar. A versão dele também foi dada durante o interrogatório desta tarde.

"Na versão dele, ele disse que não recebeu ajuda de parentes. Ele disse que o que ocorreu foi que, após efetuar disparos contra a esposa, tentou ainda verificar se ela estava com vida, pois havia muito sangue no local. E quando ele percebeu que ela já havia falecido, segundo ele, pegou o carro e saiu com o objetivo de fugir", iniciou o delegado Igor Diego.

"Ele disse que dirigiu até a cidade de Olho D'Água das Flores, onde abandonou o veículo e começou a pedir carona, e chegou até o estado de Sergipe, e foi para a casa de um primo".

Ao delegado, Leandro contou que o primo recusou a lhe dar abrigo depois de descobrir o feminicídio. "Após o primo tomar conhecimento do que tinha ocorrido, ele disse que não queria que ele [Leandro] ficasse na casa dele, porque a polícia ia bater lá, e ele não queria ter relação com isso".

Mais uma fase concluída do inquérito - Igor Diego destacou que, depois da prisão, o interrogatório de Leandro nesta segunda-feira foi mais um capítulo do caso que faz com que as autoridades se aproximem da conclusão da investigação.

"O grande objetivo era concluir a investigação. Fazer o interrogatório e preencher as lacunas para saber como os fatos se deram. E de fato, hoje tudo foi devidamente esclarecido em relação a isso. Agora ele foi encaminhado direto ao Sistema Prisional de Alagoas, onde fica à disposição do Poder Judiciário, sobretudo da Comarca de São José da Tapera, onde vai passar pelo julgamento, uma possível condenação pelo tribunal do júri, para que possa efetivamente cumprir a pena do crime bárbaro que cometeu. Então os próximos passos se darão com o Ministério Público e com o Poder Judiciário".

O caso

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