Arroz envenenado: menina de 4 anos morre e número de vítimas chega a 5 no PI

Publicado em 22/01/2025, às 13h30
Francisca Maria (mãe), Maria Lauane (filha), Igno Davi (filho), Manoel Leandro (irmão) e Maria Gabriela (filha) - Arquivo pessoal

Folhapress

Maria Gabriela da Silva, de 4 anos, morreu na noite de terça-feira (21) no Hospital de Urgência de Teresina, onde estava internada após comer arroz envenenado.

LEIA TAMBÉM

A morte foi confirmada na manhã desta quarta-feira (22). A criança estava internada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) pediátrica desde o dia 3 de janeiro, mas seu quadro se agravou nas últimas 24 horas.

Hospital disse que todos os esforços foram realizados para restabelecer a saúde da menina.

''A direção lamenta o ocorrido e se solidariza com familiares e amigos neste momento de dor'', disse em nota ao UOL.

Morte de Maria é a quinta do caso de envenenamento. A mãe Francisca Maria da Silva, 32, o tio Manoel Leandro da Silva, 18, e os irmãos Davi Pereira Silva, de um ano, e Maria Lauane Fontenele, de três, também morreram envenenados.

PADRASTO FOI PRESO COMO SUSPEITO - As cinco mortes em família colocaram padrasto sob suspeita. Francisco de Assis Pereira da Costa, de 53 anos, foi preso temporariamente sob acusação de envenenar a família com arroz contaminado por terbufós, um inseticida de alta toxicidade. O crime aconteceu no dia 1º de janeiro, após a ceia de Ano-Novo.

A casa onde o crime ocorreu abrigava 11 pessoas. Francisco vivia com sua esposa, Maria dos Aflitos, os seis filhos dela e três netos. As vítimas foram Francisca Maria da Silva, 32 (enteada de Francisco); Manoel Leandro da Silva, 18 (irmão de Francisca); e duas crianças, filhas de Francisca: Igno Davi Silva, de 1 ano e 8 meses, e Maria Lauane Fontenele, de 3.

Homem tinha um relacionamento conturbado com os enteados. Segundo o delegado Abimael Silva, Francisco nutria um ódio particular por Francisca Maria, uma das vítimas.

Ele teria manifestado a raiva pela enteada no leito de morte. Segundo o delegado, Francisco não escondia o desprezo por Francisca, mesmo quando ela já estava gravemente debilitada no hospital. Esse comportamento reforça a hipótese de um crime premeditado e motivado por sentimentos de raiva.

Desprezo e ódio pelos enteados são apontados como a principal motivação. Durante os depoimentos, Francisco teria descrito Francisca com termos depreciativos como "boba", "matuta" e "inútil". Ele também chamou os filhos de sua esposa de "primatas" e demonstrou incômodo constante com a presença deles.

A investigação indicou a presença de veneno no arroz. O terbufós é um agrotóxico de uso restrito no Brasil, autorizado apenas para aplicações agrícolas. Sua comercialização é permitida apenas para produtores rurais devidamente cadastrados e treinados para seu manuseio seguro.

Apesar das restrições, há registros de comercialização ilegal de terbufós no Brasil. Ele é vendido irregularmente na forma do chamado "chumbinho", um veneno clandestino utilizado como raticida, segundo a Anvisa. A venda e o uso do "chumbinho" são proibidos e configuram crime, devido aos graves riscos à saúde pública.

Contradições nos depoimentos levantaram suspeitas. Francisco forneceu três versões diferentes sobre seu contato com a comida. Primeiro, negou ter se aproximado da panela, depois admitiu, e, por fim, negou novamente ter orientado o uso do arroz.

Gostou? Compartilhe

LEIA MAIS

Jovem morre em acidente com quadriciclo na Praia dos Carneiros, no Recife Turistas são multados por invadirem precipício em Noronha para foto Tia tenta salvar sobrinha e as duas morrem afogadas no Ceará Vizinha presa suspeita de envenenar dois garotos no Piauí é solta após perícia em cajus