Apenas 58% das escolas no Brasil têm computador e internet para alunos

Publicado em 25/09/2023, às 23h45
Foto: Sesi/Divulgação -

Laura Mattos/FolhaPress

Mesmo após a pandemia, apenas 58% das escolas brasileiras de ensino fundamental e médio possuem computadores e internet para os alunos. A maior parte (94%) tem alguma conexão à rede, mas não com qualidade suficiente para ser utilizada pelos estudantes como ferramenta educacional.

LEIA TAMBÉM

Os dados fazem parte da pesquisa TIC Educação 2022, divulgada nesta segunda (25). O estudo é feito anualmente desde 2010 pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil, que reúne representantes governamentais e da sociedade civil para estabelecer as diretrizes do uso da internet no país. Para esta edição, foram realizadas 10.448 entrevistas presencialmente, entre outubro de 2022 e maior de 2023 com gestores, coordenadores, professores e alunos de 1.394 escolas públicas e particulares.

"É bom ressaltar que, quando falamos em 58% das escolas, estamos nos referindo àquelas que possuem pelo menos um computador conectado para utilização dos alunos", disse à reportagem Daniela Costa, coordenadora da pesquisa.

"Muitas escolas, em especial as rurais, municipais e localizadas no interior, nem chegam a ter um único computador para os estudantes", afirmou.

Costa pondera que "a sociedade hoje é toda mediada por tecnologias digitais". "A gente não pode deixar a educação apartada disso. A escola precisa ter uma boa conectividade, mas não apenas isso. Ela deve oferecer uma educação para um uso crítico e responsável da tecnologia."

O levantamento deixa claro que a realidade das escolas brasileiras é a de um acesso precário à internet. Apenas 52% das escolas estaduais possuem mais de 50 Mbps de velocidade em seu principal ponto de conexão. Para se ter noção do que isso representa, a velocidade ideal para se utilizar a internet como ferramenta pedagógica é de 1 Mbps por aluno (considerando o turno com mais estudantes), de acordo com o Grupo Interinstitucional de Conectividade na

Educação, formado por órgãos governamentais, operadoras, empresas de tecnologia e ONGs. No caso das particulares, são 46% as que tem mais de 50 Mbps, e no das municipais, somente 29%.

Os resultados desta edição, contudo, revelam que houve um avanço pós-pandemia. Em 2020, o número de escolas estaduais com essa velocidade mais alta de conexão era de 22%, o de particulares, 32%, e o de municipais, apenas 11%.

O desempenho das escolas estaduais é melhor também quando se avalia quais instituições possuem, simultaneamente, computador e acesso à internet para alunos. São 82%, enquanto, nas particulares, o número é de 73%, e nas municipais, de 43%.

Não se pode, contudo, considerar que as escolas estaduais são as melhores no uso da tecnologia. Apesar de lideraram na presença de internet e de computadores, elas são também as recordistas em reclamações de que o sinal da internet chega com baixa qualidade na sala de aula e que não suporta muitos acessos ao mesmo tempo.

Engana-se também quem pensa que os professores não utilizam tecnologia apenas pela falta de internet ou de computadores. Quase metade deles (46%) revelou que prefere abrir mão desses recursos porque os alunos ficam mais dispersos.

A falta de formação para a utilização da tecnologia em atividades educacionais foi citada por 75% dos docentes. Pouco mais da metade (56%) disse ter participado de algum curso com esse fim nos 12 meses anteriores à realização da pesquisa.

Já para os estudantes, entre os motivos para não utilizar internet da escola, a proibição do uso de celular foi citada por 61%. O fato de a internet não ser utilizada por professores em atividades educacionais foi mencionado por 64% dos alunos.

A pesquisa também evidencia a necessidade de se investir em uma educação para o uso das mídias com um dado alarmante: 61% dos professores disseram ter ajudado alunos a lidar com alguma situação difícil online, entre elas o uso excessivo de jogos e tecnologia (46%), ciberbullying (34%), discriminação (30%), disseminação ou vazamento de imagens sem consentimento (26%) e assédio (20%).

Gostou? Compartilhe

LEIA MAIS

Estudante cego de 54 anos se forma em Serviço Social na Ufal Ufal esclarece procedimentos adotados nas bancas de avaliação biopsicossociais Inscrições para 400 vagas de graduação na Uncisal se encerram nesta quarta-feira (18) Colação de grau: estudante cego de 54 anos se forma em Serviço Social