Aos gritos de "Fora PT" e "Temer presidente", PMDB abandona governo Dilma

Publicado em 29/03/2016, às 15h15

Redação

Atualizada às 16h35

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O PMDB decidiu nesta terça-feira (29), em Brasília, deixar a base do governo Dilma Rousseff. O desembarque rompe uma aliança de uma década com o PT, iniciada no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2006).

A sessão-relâmpago do diretório nacional durou pouco mais de dois minutos e foi presidida pelo senador Romero Jucá (PMDB/RR).

Ele leu uma moção apresentada pelo diretório da Bahia e pediu, em seguida, para que os mais de cem parlamentares presentes se levantassem para a aprovação.

— [A moção] requer a imediata saída do PMDB do governo com a entrega dos cargos de todas as esferas do executivo federal.

Os peemedebistas então se levantaram e aprovaram a moção por aclamação. Em meio a aplausos, eles gritaram palavras de ordem como “Fora PT’ e “Brasil pra frente, Temer presidente”.

A sessão de hoje, que aconteceu na Câmara dos Deputados, mostra que o partido aposta agora no impeachment da presidente Dilma Rousseff, o que eventualmente poderia conduzir o vice-presidente Michel temer à Presidência.

A reunião contou com alguns caciques peemedebistas, como o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), o ex-ministro da Aviação Civil, Moreira Franco, o deputado federal Darcísio Perondi (PMDB/RS) e Ibsen Pinheiro, que preside o PMDB gaúcho.

Nenhum dos sete ministros peemedebistas que integram o governo compareceu à sessão, nem o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL).

O líder do PMDB na Câmara, deputado federal Leonardo Picciani (PMDB/RJ) — que foi eleito para o cargo com o apoio do Palácio do Planalto —, também não esteve presente.

O desembarque

Em tese, a decisão levará à entrega de sete ministérios e outros 600 cargos na máquina pública federal, como explicou Jucá em sua apresentação. O objetivo é fortalecer o presidente do partido, Michel Temer, beneficiário direto de um eventual impeachment de Dilma.

Mas a forma como ocorrerá o desembarque ainda não está certo. Na segunda-feira (28), o ministro Henrique Eduardo Alves (PMDB/RN) entregou o comando do Ministério do Turismo.

Até o momento, contudo, ele foi o único a efetivar essa decisão. Há a expectativa de que três ministros permaneçam em seus cargos: Kátia Abreu (Agricultura), Celso Pansera (Ciência e Tecnologia) e Marcelo castro (Saúde).

Segundo Jucá, “ninguém do partido pode ocupar nenhum cargo no governo federal”. O senador não falou em “expulsão” daqueles que quiserem permanecer nos cargos, mas ressaltou que a situação deles será analisada “caso a caso”.

O senador não disse que o partido vai integrar agora o bloco de oposição, mas que terá uma postura “independente” e “de acordo com o que for melhor para o país”.

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, réu de uma ação penal no Supremo Tribunal Federal decorrente da Operação Lava Jato, declarou que seu partido levou tempo demais parasse afastar do governo.

— O PMDB já deveria ter saído do governo há muito tempo. Eu rompi com o governo em julho, portanto estou oito meses adiantado. O PMDB serviu para votar matérias que o governo decidia. Nunca participou de nenhuma decisão, nenhuma política pública.

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